• Waldenir Cuin – Votuporanga/SP
A senhora Claudia procurou o Centro Espírita em busca de ajuda. Sua filha Norma, de apenas 17 anos de idade, já havia tentado o suicídio por três vezes. Percorreu consultórios médicos, tratamento psicológico, psiquiátrico sem qualquer resultado prático. A jovem insistia em dizer que não tinha razão alguma para viver, tinha um comportamento estranho e que ao completar 18 anos colocaria fim a sua vida.
Narrava seu drama entre lágrimas e lamentações, num profundo desespero, pois que não vislumbrava uma forma de socorrer a filha amada.
Acolhida fraternalmente no reduto da Casa Espírita, recebeu carinho e atenção. A ela foi orientado que junto com a Norma passasse a frequentar palestras e a tomar passes, e, dentro do possível, que participassem dos estudos evangélicos e doutrinários sob a ótica da Doutrina Espírita.
As duas aceitaram o aconselhamento.
Pouco tempo depois, na sessão mediúnica realizada semanalmente pelo Centro Espírita, um irmão desencarnado se apresentou raivoso e agressivo.
– Estou com muito ódio de vocês. Agora ela é uma coitadinha, jovenzinha ingênua que precisa de socorro, pobre criatura, como está sofrendo. Todos penalizados com o seu drama. Não conhecem a víbora que estão acariciando. Interessante, quando ela articulou aquela trama contra mim vocês não estavam lá para me defender. Deus também não estava, então o caminho permaneceu aberto e livre para que ela fizesse o que bem entendesse. Eu os odeio e se não a deixarem eu e meus aliados vamos agredi-los também.
– Calma, meu irmão, interveio o orientador daquelas ações mediúnicas. Estamos aqui para ajudá-lo e para socorrer você também, pois estamos registrando seu sofrimento, a sua dor…
– Agora! Agora é tarde e ela está em minhas mãos e não vou deixá-la por nada neste mundo.
– Não é assim que resolvemos nossos problemas, meu irmão, a vingança é uma ação que mais fere ao que executa do que a vítima. Queremos ajudá-lo também…
– Se querem mesmo me ajudar deixe que vá embora, pois tenho muito o que fazer com ela. Pensa que é fácil ser traído pela criatura que você mais ama. Eu era um jovem muito rico. A morte de meu pai muito cedo, deixou-me uma fortuna incalculável. Éramos eu e minha mãe. Ela surgiu em minha vida, também jovem, bela, atraente e eu me apaixonei. Minha mãe com a sensibilidade que todas as mães possuem, me advertia, sobre os perigos que corria. Ela percebeu e eu não as intenções daquela jovem. Casamo-nos e algum tempo depois, em viagem junto com dois cunhados, transportando uma quantia grande de dinheiro, fomos comprar outra propriedade. Essa foi minha última viagem, assassinaram-me. Ela herdou tudo, jogou minha mãe nos últimos cômodos da casa e a tratou como uma indigente, até seus últimos dias. Eu a amava profundamente. Agora, vou levá-la ao suicídio. Quase consegui, falta bem pouco. Eu a trarei para junto de mim, então, ela conhecerá a minha vingança. Não tenho Razão? Eu a amava…. eu a amava…
Entre ódio, dor e desespero o nosso irmão caiu num choro profundo…
– Meu irmão… você não a amava, você a ama ainda. Vamos mudar a direção da sua força e com a ajuda de Deus criaremos outras perspectivas. Vamos ajudar a sua amada a reequilibrar-se, e então, daqui a algum tempo melhor ajustada poderá voltar para você, com propostas sadias.
– Nosso irmão continuava a chorar evidenciando cansaço, fadiga e desolação. Então foi possível com preces e vibrações atingir seu coração, irradiar sobre sua mente, criando condições para um socorro mais efetivo. Nesse instante, mais calmo, conseguiu ver sua mãe ao seu lado e abraçando-se a ela aceitou o socorro proposto.
* * *
Passado algum tempo, em conversa com a senhora Claudia, ela confidenciou que Norma obteve melhora significativa e que não mais havia falado em suicídio.
Ambas continuam frequentando as atividades do Centro Espírita. Obviamente, se perseverarem, paulatinamente, solucionarão tal pendência.
Dentro da lei de causa e efeito, ação e reação, a agressora de ontem enquadrada como vítima de hoje e o evangelho de Jesus atuando em favor de todos.
Ontem a agressora, hoje a vítima
fev 20, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Ontem a agressora, hoje a vítimaLike