Vacina é recomendada para profissionais de saúde, equipes de laboratório que atuam com ortopoxvírus e especialistas que fazem diagnóstico da doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou, nesta terça-feira, 14, a vacinação contra a varíola para grupos prioritários, incluindo profissionais de saúde em risco, equipes de laboratório que atuam com ortopoxvírus, especialistas em análises clínicas que realizam diagnóstico para a doença e outros que possam estar em risco de acordo com autoridades nacionais de saúde pública.
As primeiras recomendações da OMS sobre o tema foram publicadas em um guia provisório a partir da consultoria do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos (SAGE, na sigla em inglês). No documento, a OMS enfatiza que a vacinação em massa não é necessária nem recomendada para varíola no momento.
Para pessoas que tiveram contato com casos confirmados da doença, a OMS recomenda a vacinação, como profilaxia pós-exposição (PEP), com uma vacina de segunda ou terceira geração. A vacina deve ser aplicada preferencialmente dentro de quatro dias após a primeira exposição para prevenir o início da doença.
No documento, a OMS alerta que alguns países mantiveram suprimentos estratégicos de vacinas mais antigas contra a varíola do Programa de Erradicação da Varíola, concluído em 1980. No entanto, essas vacinas de primeira geração mantidas em reservas nacionais não são recomendadas para a varíola no momento, pois não atendem à segurança e à fabricação atuais padrões.
Anos de pesquisa levaram ao desenvolvimento de vacinas novas e mais seguras (segunda e terceira geração) para a varíola, algumas das quais podem ser úteis para a varíola dos macacos e uma das quais (MVA-BN) foi aprovada para prevenção da doença em específico.
A OMS afirma que o uso criterioso de vacinas pode apoiar a resposta global ao surto de varíola dos macacos. Além disso, controlar o problema requer fortes medidas de saúde pública para impedir a propagação da doença.
No documento, a OMS destaca que os programas de vacinação devem ser apoiados por vigilância completa e rastreamento de contatos e acompanhados por uma forte campanha de informação. Além disso, as decisões sobre o uso de vacinas devem ser baseadas em uma avaliação completa dos riscos e benefícios caso a caso.
Ministério da Saúde dialoga aquisição com OMS
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que articula com a OMS as tratativas para aquisição da vacina contra a doença. A OMS coordena junto ao fabricante, de forma global, para melhorar o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença.
“Também é essencial que as vacinas estejam disponíveis de forma equitativa sempre que necessário. Para esse fim, a OMS está trabalhando em estreita colaboração com nossos Estados Membros e parceiros para desenvolver um mecanismo de acesso justo a vacinas e tratamentos”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, à imprensa nesta terça-feira, 14.
Até o momento, três casos de varíola dos macacos foram confirmados no Brasil, sendo dois no estado de São Paulo e um no Rio Grande do Sul. O ministério realiza, em parceria com os estados, o monitoramento dos casos e rastreamento dos contatos dos pacientes.
Outros cinco casos seguem em investigação nos estados de São Paulo, Acre, Ceará, Maranhão e Bahia.
Sobre a varíola dos macacos
A doença é causada por um vírus que pertence ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae. Existem dois grupos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central).
O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.
Várias espécies animais foram identificadas como suscetíveis ao vírus da varíola dos macacos, incluindo esquilos, ratos, arganazes, primatas não humanos e outras espécies. De acordo com a OMS, são necessários mais estudos para identificar os reservatórios exatos e como a circulação do vírus é mantida na natureza. A ingestão de carne e outros produtos de origem animal mal cozidas de animais infectados é um possível fator de risco.
As infecções humanas com o tipo de vírus da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o grupo viral da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10,6% para o da Bacia do Congo.