Certa noite tive um sonho que acredito ter sido o melhor da minha vida.
Eu entrei em uma máquina do tempo e visitei o futuro e era um lugar lindo, cheio de árvores, pássaros e crianças brincando na rua, o tráfego agora era aéreo e havia “carros” voando organizadamente para todo lado.
Não havia violência e, acredite, havia acabado a corrupção e, devido a isso, exclusivamente a isso, não havia mais filas nos hospitais, não faltava medicamentos, leitos e nem médicos. O dinheiro antes desviado pela corrupção agora era usado para benefício do povo e havia escolas de qualidade para todos. Os professores eram bem remunerados e respeitados. Em hipótese alguma se desrespeitava um professor.
Haviam acabado as mordomias de políticos e magistrados da alta esfera e o dinheiro economizado era usado em benefícios da população. Muitas coisas haviam mudado como, por exemplo, o asfalto, agora poroso, não impermeabilizava o solo evitando enchentes assim como encanamentos arcaicos, velhos e quebrados haviam sido trocados por produtos maiores e de melhor qualidade que realmente atendiam às necessidades.
Como agora havia dinheiro, houve investimentos e as águas que escorriam para os bueiros e que caíam nos telhados, eram armazenadas e tratadas e voltavam para uso da população.
Investimentos no setor da saúde trouxeram o fim do câncer, da diabetes e a AIDS agora era vista como um simples resfriado. Inúmeras outras graves doenças haviam sido erradicadas e criara-se, finalmente, órgãos de plástico, então, não existia mais necessidade de filas de transplantes, hemodiálises e paralisias de qualquer tipo. Tudo financiado com o dinheiro economizado da corrupção e de gastos absolutamente desnecessários com políticos e magistrados. E o governo, finalmente, entendeu que devia usar adequadamente o dinheiro público que, aliás, não é dele e sim da população e enxugou a máquina.
No meu sonho o futuro era fantástico, as pessoas eram civilizadas e não havia mais racismo e nem preconceitos de qualquer espécie. Cada um podia ser do jeito que fosse ou o que quisesse ser que havia respeito. Durante o tempo em que, no meu sonho, estive no futuro, não vi carros com som alto desrespeitando os outros. Não vi vândalos, de qualquer espécie, destruindo patrimônios públicos, monumentos, banheiros públicos, bancos de praça e telefones comunitários. O povo havia entendido que não devia estragar aquilo que era de uso comum e respeitava também as propriedades alheias. Havia respeito ao próximo, o povo era educado e civilizado.
No meu sonho não havia roubos, assaltos e nem violência de qualquer tipo. No meu sonho não havia mais mordomias para políticos, diretores de estatais, magistrados ou qualquer classe. No meu sonho, as regras de aposentadoria dos políticos eram as mesmas da população. No meu sonho, políticos pagavam impostos do mesmo jeito que a população.
No meu sonho, acabavam as mordomias de ex presidentes do pais, afinal, a população não tem que ficar pagando mordomias para eles. No meu sonho haviam acabado os auxílios moradias para políticos, elementos do governo e juízes de qualquer espécie ou instância.
O trabalhador normal não tem auxílio moradia, porque eles teriam? No meu utópico sonho, os políticos trabalhavam para o bem da população e não para vantagens pessoais ou visando apenas reeleição para continuar mamando na teta do governo. No meu sonho, apenas no meu sonho. Acordei e, ao longe, ouvi buzinadas e som alto com músicas cheias de palavras obscenas e letras que remetiam à violência, que remetiam à humilhação feminina, enfim…, músicas de gosto duvidoso. Alguma televisão transmitia, em algum canal, notícias sobre corrupção e outro canal contava a história de algum assalto, coisa corriqueira nos nossos dias.
Outro canal falava sobre apreensão de drogas, estupros, feminicídios e etc.
O sonho havia acabado e acordei para a nossa triste realidade.
O Sonho e o Futuro
abr 18, 2019Bruno FonsecaCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em O Sonho e o FuturoLike
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