O que é que se faz numa sessão de constelações familiares?
A quem pode ajudar esta ferramenta terapêutica?
Participar, constelar e saber mais
Constelações familiares individuais o que são constelações familiares
Trata-se de um método de trabalho psicoterapêutico de natureza fenomenológica e sistémica, criado por Bert Hellinger. A partir das compreensões que Hellinger obteve acerca das “ordens do amor” desenvolveu esta ferramenta terapêutica que permite ao cliente olhar a rede de vínculos em que se encontra implicado e obter uma compreensão sobre as dinâmicas e enredos familiares que geram e mantêm problemas.
O ponto de partida das constelações familiares é a projecção das imagens internas que a pessoa tem sobre as suas relações pessoais e sobre o lugar que ocupa nos sistemas relacionais, seja a família ou outros sistemas. Ao permitir a exploração destas imagens internas, as constelações familiares conduzem à compreensão e à descoberta do sentido de padrões repetitivos de comportamento, os quais estão na origem de limitações e obstáculos à realização pessoal. A mudança psicológica que o processo das constelações familiares põe em marcha ocorre por via da transformação das imagens internas.
O QUE É QUE SE FAZ NUMA SESSÃO DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES?
Numa sessão de constelações familiares pode participar-se de três maneiras diferentes: 1) como cliente, colocando a sua própria constelação; 2) como representante na constelação de outra pessoa; 3) assistir, mas mantendo-se incluído no círculo de pessoas que sustentam a constelação. Seja qual for a posição em que se encontre, todos realizam trabalho para a constelação em curso.
O procedimento nas constelações familiares inicia-se com a apresentação de um tema/ problema pelo cliente – a pessoa interessada em colocar a constelação pessoal. Segue-se uma breve entrevista, onde se procura saber aquilo que o cliente gostaria de ver resolver-se e onde se recolhe informação factual acerca do sistema familiar.
O facilitador necessita apenas de recolher informação essencial e concreta, não se interessando por conhecer as opiniões ou explorar cognitivamente os sentimentos associados, pois constata-se que esse tipo de informação tem por efeito confundir os representantes. Não é necessário ao cliente expor o caso ao facilitador antes de assistir à sessão e também não é necessário expor demasiada informação na sessão, perante o grupo, acerca do assunto a trabalhar. O cliente terá apenas de responder a perguntas básicas, como “qual é o problema?” ou “o que deseja conseguir?” e fornecer alguns factos importantes. Estes consistem na resposta às questões essenciais que normalmente se colocam: quem pertence à família; se existem nados-mortos na família ou se alguém morreu precocemente; se ocorreu algum acontecimento especial na família que tenha marcado o destino desta; se os pais ou os avós tiveram casamentos anteriores ou relações amorosas anteriores significativas.
Após esta recolha de informação segue-se a decisão sobre os elementos que irão ser configurados na constelação. Os elementos que normalmente são colocados na constelação são a própria pessoa que apresenta o problema e alguns membros da sua família, mas poderá também ser um elemento abstracto, como um aspecto da personalidade, uma doença, uma casa, um país, dependendo esta decisão do problema que esteja a ser trabalhado.
Entre as pessoas presentes no grupo são escolhidos representantes para esses elementos ou membros da família, os quais são então dispostos no espaço de forma a representar como a pessoa sente que se apresentam as relações entre tais pessoas (ou elementos) na realidade – elementos configurados em constelação.
A partir daqui, os representantes movem-se de acordo com aquilo que espontaneamente sentem ou percebem, a nível físico ou emocional. De facto, quando os representantes de uma constelação são situados uns em relação aos outros, começam a ter sensações e a exibir reacções que não correspondem a nenhuma vontade consciente da sua parte; de repente já não actuam e sentem como eles próprios, mas como os membros do sistema que representam, chegando inclusivamente a desenvolver os sintomas físicos dessas pessoas. Este fenómeno não está cabalmente explicado pela ciência (embora haja várias aproximações à sua explicação dentro da neurologia e da biologia) mas é precisamente este “efeito” e a “verdade sistémica” que ele encerra que se utiliza para constelar o problema da pessoa e procurar uma solução para o mesmo.
O papel do facilitador é o de acompanhar o cliente no desenvolvimento da constelação. Orientando-se através do que capta na expressão verbal, corporal e emocional dos representantes, ajuda-os (facilitando) no desdobramento dessa expressão e na assistência aos movimentos de conciliação, procurando uma imagem de solução ao problema.
A QUEM PODE AJUDAR ESTA FERRAMENTA TERAPÊUTICA?
Seja qual for a posição que se ocupe numa sessão de constelações familiares (cliente, representante ou observador), podem obter-se compreensões profundas para si próprio a partir da constelação de outra pessoa. Isto ocorre através de processos de identificação e projecção que se desenrolam durante a sessão.
Por vezes as pessoas que trabalham apenas como observadores podem obter um sentido mais amplo dos processos que se estão a desdobrar na constelação e assim recolher compreensões muito úteis. Muitas das pessoas que assistem às sessões de constelações familiares emocionam-se, tal é o seu grau de envolvimento; o que na verdade isso significa é que estão a realizar trabalho interior próprio.
Entrar no “campo” de uma constelação familiar permite o contacto consigo próprio: porque nos revemos em aspectos que até aí estavam ocultos, porque o campo do outro contém facetas que nos são comuns, ou porque se tem a oportunidade de presenciar os movimentos de solução e crescimento que operam no outro.
As constelações familiares podem ajudar em muitas situações, especialmente quando se trata de problemas que se repetem continuadamente e que se demonstram muito resistentes à mudança. É um método aplicável também em casos de doença física ou psíquica.
Pode contribuir de forma significativa para melhorar os relacionamentos, sejam eles entre familiares, de casal ou nas relações laborais e similares. É actuante na resolução de conflitos, interpessoais mas também intrapsíquicos. Na cura de traumas e de sentimentos persistentes de angústia e/ ou ansiedade. É aplicável na necessidade de clarificação de tomadas de decisão. Ajuda a pessoa a ligar-se a si própria de forma mais profunda e autêntica.
É um trabalho que interessa não somente a pessoas afectadas por algum destes problemas, e que desejem abordá-los através da realização de uma constelação, como também a pessoas interessadas no seu crescimento pessoal e que desejem apenas participar como representantes e/ou assistentes. Enquanto observador, a pessoa pode adquirir uma melhor compreensão sobre o próprio sistema familiar, que a leva a movimentos internos muito importantes, que geram mudanças na sua vida. Como representante, a pessoa vivencia frequentemente um leque de experiências e emoções muito amplo, que a conduz a familiarizar-se com aspectos negados ou mal compreendidos de si própria, a conhecer as suas próprias identificações inconscientes, assim como os recursos internos e possibilidades de mudança até aí desconhecidas.
Os profissionais de relação de ajuda (médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas, professores, etc.) também beneficiam deste método, pois as sessões de constelações familiares permitem-lhes compreender melhor os contextos em que se desenvolvem determinados problemas psicológicos e sistémicos que são do seu interesse profissional.
As sessões de constelações familiares são em si terapêuticas para todos os que nelas participam e não apenas para quem coloca a sua constelação. Em geral é uma vivência impressiva e muito enriquecedora.
PARTICIPAR, CONSTELAR e SABER MAIS
Para saber mais sobre constelações familiares e experimentar o campo de conhecimento e informação que se gera numa constelação, o melhor é mesmo participar numa sessão.
Pode simplesmente assistir ou disponibilizar-se para ser representante na constelação de outra pessoa. Não é forçoso que se disponibilize como representante, poderá apenas assistir. Também não é garantido que seja escolhido para representar, pois estas escolhas dependem das percepções que se tenham no momento. Compreenderá melhor o porquê desta determinação após passar pela experiência de uma sessão de constelações familiares.
O efeito de uma constelação é muito profundo, por isso é importante uma atmosfera grupal de cooperação atenta e de respeito.
Se deseja colocar uma constelação pessoal, não é necessário expor o seu caso previamente à terapeuta, pois a informação necessária é obtida na entrevista prévia à constelação.
Pondere, contudo, o seguinte: o problema/ tema a colocar deve sempre ser uma questão séria. Uma constelação com base em questões triviais, por curiosidade ou interesse superficial tem pouca força, não se gerando a sensibilidade necessária para fazer emergir o efeito sistémico actuante no sistema pessoal, sendo improvável que a pessoa obtenha qualquer ajuda efectiva.
CONSTELAÇÕES FAMILIARES INDIVIDUAIS
Nalguns casos pode ser mais apropriado fazer uma constelação familiar individual. Estas fazem-se com ajuda de figuras (bonecos tipo Playmobil) ou almofadas. Pode ser útil fazê-lo antes de colocar a constelação em grupo, para obter uma clarificação preliminar da situação e do pedido do cliente, mas pode também ser útil fazê-lo após participar numa sessão de grupo, pois permite ajudar a integrar melhor os movimentos que se levantaram durante a sessão. Estas sessões individuais fazem-se com marcação prévia . Pode ser necessário apenas uma sessão, o número de sessões vai sendo combinado com a terapeuta, à medida da evolução, mas em muitos casos uma só sessão é suficiente. Consulte esta hiperligação para saber mais sobre aplicação das constelações familiares à terapia individual.