Para Arthur Ramos o processo aculturativo teria, para ele, uma variação regional considerável. Por isso, na Bahia, a maior presença quantitativa dos negros sudaneses e islamizados teria provocado verdadeira troca cultural entre a cultura negra e a européia, principalmente na religião. Enquanto, no Sudeste, teria ocorrido mera aceitação, pelo negro, dos valores culturais europeus.
Para Arthur Ramos, de modo geral,o resultado predominante da aculturação no Brasil teria sido a do primeiro tipo, ou seja, uma aculturação sincrética, com trocas culturais de parte a parte.
Apesar de incontestável riqueza à época, essa visão de Arthur Ramos sobre o sincretismo era hierárquica, pressupondo a existência de uma diferença qualitativa dos grupos a serem aculturados.
Os melhores exemplos, neste particular, vêm dos seus estudos sobre as religiões afro-brasileiras. Para Ramos, a religião afro-brasileira é uma forma primitiva de expressão religiosa.Mesmo o “verdadeiro” candomblé baiano, aquele em que a herança cultural dos sudaneses se encontraria mais resguardada, seria apenas uma forma mais avançada dessa religiosidade primitiva. Segundo o autor, derivaria da “mentalidade primitiva” do grupo cultural negro e africano em relação ao europeu-ocidental.