Anônimas, mas sempre retratadas nas gravuras e fotos da época, as quitandeiras (do quimbundo Kitanda, que significa mercado ou feira), vendedeiras ou ganhadeiras, sempre vistas carregando cestos na cabeça. Se, de início, eram a fonte de renda dos pequenos produtores dos núcleos urbanos do Brasil escravista, aos poucos elas, por causa de sua liberdade de circulação, eram um importante e perigoso elo de integração, resistência e comunicação entre as várias populações negras.
Também conseguiam, após pagar o seu sinhozinho, guardar um pouco de dinheiro e tiveram um papel fundamental na compra de sua liberdade, até mesmo, em alguns casos, alcançando prosperidade econômica. A população escravizada se transformou no primeiro grupo de poupadores da história do Brasil. As primeiras contas poupanças foram abertas por quintadeiras, ganhadeiras e cativas ainda no século XIX.
As negras igualmente foram fundamentais na resistência dos quilombos. A inglesa Maria Graham descreveu, em meados do século XIX, como uma negra, Ana, intermediava a venda de frutas, etc. para um grupo de fugitivos. Do pouco que se sabe, pode-se supor que nas comunidades quilombolas a participação das mulheres foi determinante, tanto na manutenção prática, com o abastecimento de provisões, confecção de roupas e utensílios, como na preservação de valores culturais e religiosos.
O papel das negras na resistência dos Quilombos
nov 22, 2019Bruno FonsecaLiteratura em gotasComentários desativados em O papel das negras na resistência dos QuilombosLike