• Rogério Miguez
Esta conhecida máxima vem sendo repetida frequentemente por muitos ao longo dos tempos, entretanto, sem se dar conta do real significado destas palavras, ou seja, do seu alcance, da sua abrangência.
Sem uma justa reflexão sobre este dito popular, pode-se ter a impressão de tudo estar escrito, ou mesmo que tudo fica ao sabor dos desígnios de Deus, sem nenhuma participação de nossa parte, ou seja, posso tentar mudar o presente, consequentemente o meu futuro, através de renovadas ações e condutas, contudo, nenhum efeito teriam estes esforços, sejam quais forem, pois Deus em última instância é quem decidiria o resultado final, nosso empenho em mudar a situação vivida seria em vão.
Todavia, ajuizemos: Se Deus nos criou simples e ignorantes para avançarmos a partir desta condição por Ele definida, alcançando a evolução possível em função de nosso empenho e de nossas conquistas, qual seria a razão para este mesmo Deus decidir tudo sobre o nosso porvir? Não parece paradoxal!?
Assim sendo, como devemos entender este refrão popular?
Todos os acontecimentos em nossas vidas são sempre o resultado de uma conjunção de eventos e decisões anteriores, ocorridos e deliberados nesta ou em épocas passadas, podemos resumir este mecanismo no princípio de causa e efeito. Visando este fim Ele elaborou sabiamente todas as leis conhecidas e aquelas ainda por descobrir, sendo exatamente estes princípios que regem o caminhar da humanidade, estamos sempre sujeitos a estas leis. Deus não precisa interferir diretamente, as Suas normas e regras, em todos os campos da vida, nos regulam sem que a maioria o saiba.
As situações que nos alcançam, são invariavelmente consequência do que plantamos ontem e estamos semeando hoje, sem que seja preciso a contínua intervenção divina, como alguns acreditam, afinal, somos livres, construímos o nosso livre arbítrio, temos o poder de escolha em nossas ações, desta forma, vamos edificando o nosso amanhã, e este por sua vez, nada mais sendo do que o reflexo do conjunto de atitudes e ocorrências passadas. Efetivamente, Deus espera que trabalhemos, não cruzemos os braços à espera de um “milagre”.
Realmente o Todo Poderoso, como o título já indica, pode tudo, quem seria louco para afirmar o contrário, no entanto, Ele atua sempre por intermédio de Suas leis eternas e não as derroga, muito menos modifica, embora possa alterá-las como desejar, é evidente, mas sabiamente não o faz, caso contrário, a vida seria incompreensível, uma vez que jamais saberíamos por quais leis estaríamos sendo governados.
Quando estamos na erraticidade, no mundo espiritual aguardando para reencarnar mais uma vez, podemos debater com Espíritos mais elevados quais serão os grandes marcos de nossa futura vida material, por quais expiações passaremos, quais provas suportaremos, porém, quando retornamos à Terra, muito daquilo decidido pode se modificar, pelo curso de nossas atitudes e opções de conduta durante esta vida, sem qualquer interferência de Deus, porém, ao alterarmos as deliberações ajuizadas na erraticidade, por exemplo, modificamos igualmente o futuro previamente delineado, mas não definido.
Não faz sentido algum conduzirmos nossas atuais vidas se os resultados futuros de nossas ações já estão fixados e são imutáveis, se assim fosse, qual seria então o objetivo da existência?
Estamos todos destinados à perfeição relativa, meta final, como alcançaremos esta condição depende de cada um, alguns avançam rápido, outros mais lentamente, assim, esforcemo-nos para que sejamos aqueles avançando mais depressa pois, a construção do futuro está seguramente em nossas mãos, uma vez que somos os artífices do nosso amanhã.
O futuro a Deus pertence?
ago 23, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em O futuro a Deus pertence?Like