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quarta-feira 25 dezembro 2024
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O Espiritismo e o progresso da humanidade

• Raul Teixeira – Niterói/Rio de Janeiro
Este século [último] assistiu a duas guerras mundiais e a mudanças vertiginosas na vida social. O que ainda nos espera? Haverá catástrofes, como muitos predizem?
Raul – Os Espíritos do Senhor, que nos trouxeram a Codificação Espírita, não são alarmistas. Não anunciam catástrofes que o nosso livre-arbítrio não possa conjurar, uma vez que o ensino do Cristo garante que “a cada um será dado conforme suas obras”. Esclarece-nos O Livro dos Espíritos que a predominância da natureza animal sobre a espiritual, junto à satisfação das paixões, é o que motiva a guerra (1). Então, podemos admitir que o que nos leva à guerra é a ação sempre nefasta do egoísmo. Quanto mais trabalharmos no sentido de transformar esse vício, fazendo desenvolver-se em nós o altruísmo, como oposição natural, mais iremos nos situando em níveis morais de tal ordem que já não estaremos sujeitos a perecer apanhados nas malhas dos fenômenos planetários, que costumam tornar-se flagelos destruidores. Muitíssimo válida é a reflexão da comunidade espírita em torno do fato de que estamos reencarnados num planeta, em fase tal de estabilização cósmica, com seus movimentos sísmicos, climáticos, etc.., que ficamos sujeitos aos seus variados movimentos naturais, ao mesmo tempo que esses mesmos fenômenos, quando nos alcançam, permitem-nos resgates de diversa monta e acertos com as leis reequilibradoras da vida sideral. Por suas características próprias, a Terra não nos pode oferecer a felicidade perfeita, exatamente pelo fato de que ainda não conquistamos o devido mérito (2). Quanto às chamadas catástrofes, essas sempre existiram e continuarão a existir, podendo, em dada ocasião, levar em sua voragem incontáveis criaturas que estejam na faixa das necessidades expiatórias, via sofrimento.
1- KARDEC Allan. O livro dos espíritos, perg. 742
2- Idem, perg. 920
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O que pensar das profecias de que tanto se comenta, como as de Nostradamus? Como distinguir, nesse campo, as revelações verdadeiras das mistificações?
Raul – Em todos os tempos do mundo, houve aqueles que, dotados de uma particular aptidão psíquica, lograram sintonizar com frequências onde estavam “inscritas” as epopeias ou episódios diários de variadas sociedades ou mesmo da humanidade. Essa possibilidade decorre do fato de que, a partir do ponto em que os indivíduos ou grupos humanos operam ações importantes, ou de certa gravidade, nos campos das próprias vidas, acionam a conhecida “roda do carma”, passando a inscrever-se nesse ou naquele trilho de ocorrências, o que se dava com esses profetas é que eles “captavam”, “liam”, “decodificavam” esses registros, que as diversas formas de energia “imprimiam” nessa tela cósmica, dando-lhes interpretações que correspondiam a sua cultura, a sua maturidade intelectual e/ou a suas experiências religiosas, o que tornava sempre muito vulnerável a veracidade de tais comunicações. Dentro do que propõe o Espiritismo, será sempre indispensável que utilizemos o bom senso, sempre que estejamos diante de questões dessa ordem. Partindo do entendimento de que os Nobres Espíritos nunca têm o objetivo de amedrontar, de impor pelo pavor, de nos dobrar à força, mas, ao contrário, estão sempre dispostos a sugerir, a orientar, a propor sem nada exigir, teremos material bastante considerável para verificar se tal ou qual “profeta’, “médium”, ou qualquer outro nome que desejemos dar, está trazendo ou não uma mensagem coerente, uma mensagem de Deus.
Parafraseando a proposta do Evangelista João, quando nos sugeriu não crer em todos os Espíritos, mas verificar, antes, se eles são de Deus, dizemos: não creiamos em todos os “profetas”, mas certifiquemo-nos, antes, se eles são coerentes com o bem e com a lucidez, e não marcados por lamentável exotismo e desejo neurótico de exibição.
NOTA: estas, entre outras elucidativas questões, são abordadas na obra Ante o Vigor do Espiritismo.