O contato de africanos com o Brasil se deu a partir da presença do colono oficial português, profundamente africanizado pelo Magreb, povo mulçumano do norte do continente. Por mais de oito séculos a Península Ibérica – Portugal e Espanha – foi dominada e também civilizada por sofisticados sistemas culturais e sociais dos afro-mulçulmanos, que orientaram as estéticas do morar e do vestir, influenciaram na valorização dos jardins, dos pomares e das áreas verdes, além de contribuir com muitas descobertas nas ciências, na navegação, na astronomia, na tecnologia de trabalhar a pedra, a madeira, os metais – especialmente na ourivesaria, com a filigrana -, entre outras formas de marcar estilos.
Com o escravagismo de povos da África a partir do século XVI, mais de 4 milhões de pessoas pelo período de 350 anos foram trazidas para o Brasil para trabalhar com açúcar, depois ouro e café, e também para serviços nas cidades e nos campos.
Inicialmente vieram grandes contingentes da África austral, especialmente do antigo reinado do Congo e de Angola, como o povo banto, depois da costa ocidental do golfo de Benin, e ainda aqueles que chegaram da costa oriental, principalmente de Moçambique.
São todas culturas que se relacionaram, gerando esse rico e dinâmico elenco de identidades. Pode-se, inclusive, dizer que o Brasil é um país biafricanizado. Primeiro com a chegada do homem português africanizado e em seguida com o contato direto com povos de diversas regiões do continente africano.
Por José Pereira da Silva – Professor de História