• Rogério Miguez
O último livro da Bíblia descreve, segundo João o Evangelista, como seria o final dos tempos. Compreende um relato de acontecimentos futuros oriundo das visões do discípulo amado de Jesus, quando se encontrava exilado na ilha grega de Patmos.
A primeira abordagem sobre o tema, do ponto de vista espírita, foi desenvolvida pelo próprio Allan Kardec. A Gênese, as predições e os milagres, obra sesquicentenária, já no título adianta um dos temas tratados, exatamente sobre as predições, os acontecimentos futuros, a escatologia1. Coincidentemente, este é o último livro das obras fundamentais espíritas e a referida abordagem se encontra no último capítulo.
A interpretação espírita sobre o fim do mundo é bem diversa daquela divulgada em muitas épocas e mesmo na atualidade. Geralmente, crê-se que o mundo vai acabar, contudo, fisicamente, quando então, todos nós seremos julgados por Deus, independentemente se fomos religiosos ou não, fruto deste juízo final seremos encaminhados à regiões onde passaremos o resto de nossas vidas em sofrimento eterno ou em paz e alegria ao lado dos eleitos de todas as civilizações.
Esta perspectiva se lastreia infelizmente na destruição da Terra, por meio de eventos físicos, tais como maremotos, terremotos, erupções de poderosos vulcões, quando, enfim, tudo perecerá, não existindo mais nenhuma chance dos seres humanos se redimirem ou se arrependerem, fadados estaremos todos ou às alegrias de um céu enfadonho e desestimulante, conforme se nos apresenta, pois nada faremos além de assistir e conviver com a perfeição de Deus e de sua obra, enquanto outros serão punidos eternamente, pois não seguiram os preceitos divinos, estes últimos os chamados injustos.
Muitos dos que comungam esta visão, não é de se estranhar, vivem apavorados, porquanto, esperam os abalos físicos atingirem o planeta com fúria inigualável, além disso, outros incertos à qual região serão conduzidos após o julgamento final, tremem só de pensar quando tudo isto se dará.
A Doutrina, dentro de sua ótica racional e mormente consoladora entende que o planeta em que vivemos não será necessariamente destruído, entretanto, haverá uma mudança significativa, contudo, não no aspecto físico, mas no moral. Ou seja, os habitantes que permanecerem na Terra, serão aqueles detendo grau de moralidade maior do que a média que temos hoje, para tanto, já há algum tempo, muitos Espíritos rebeldes já não reencarnam mais no orbe, concomitantemente, outros Espíritos com grau de moralidade mais avançado estão reencarnando talvez aos milhões, para ajudar a alavancar o progresso do mundo.
Cairbar Schutel que simultaneamente também faz 150 anos de seu nascimento, neste exato ano, em seu livro – Interpretação sintética do Apocalipse – abordou detalhadamente os símbolos e figuras relatadas por João. Lembramos aqui apenas duas interpretações do Bandeirante do Espiritismo: a primeira sobre quem seria o cavaleiro no cavalo branco – Allan Kardec, que veio vencendo e para vencer; a outra sobre quem seria o cavaleiro no cavalo vermelho – o Kaiser, o Imperador alemão.
A mensagem espírita é positiva no sentido de que todos nós nos salvaremos, mais hoje, mais amanhã, os que deixaram e que estão deixando a Terra serão amparados em outros mundos, desta forma cumprir-se-á a promessa de Jesus: Nenhuma ovelha do Pai se perderá.
1 A Escatologia aborda os últimos eventos na história do mundo ou do destino final da espécie humana, comumente denominado como fim do mundo.
O Apocalipse Espírita
maio 08, 2018Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em O Apocalipse EspíritaLike