Em março, um ciclone devastador atingiu Moçambique. Trata-se de uma trágica maneira de colocar na imprensa mundial um país quem por exemplo, um escritor do gabarito de Mia Couto e um filme com a pujança de Virgem Margarida, de Licinio Azevedo, brasileiro que mora no país africano desde 1978, quando ali chegou levado para atuar no cinema local pelo diretor Ruy Guerra, moçambicano radicado no Brasil desde 1958.
A obra se passa em 1975, quando o país africano se torna independente de Portugal e, dentro do clima revolucionário, existe a decisão de tirar as prostitutas das ruas e encaminhá-las para campos de reeducação no meio da selva, com um discurso de transformar aquelas mulheres em “novas”, dentro dos ideais do novo regime.
A dramaticidade do filme está em mostrar como funcionavam esses campos de concentração, com punições e desrespeito aos direitos humanos, e no drama de Margarida, uma jovem virgem lá aprisionada por engano. A narrativa foca justamente a união das companheiras para que ela obtenha a liberdade.
O filme mostra o funcionamento de uma sociedade machista na esfera militar e destaca a personalidade de Rosa, uma prostituta que se torna líder do campo em seus embates com a comandante militar Maria João. Ao final, as diferenças acabam sendo reduzidas por questões de gênero e pela personalidade forte de ambas.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Moçambique além do ciclone
abr 05, 2019Bruno FonsecaTribuna LivreComentários desativados em Moçambique além do cicloneLike
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