Para todo escritor (falo em nome dos não famosos), o melhor de tudo são os eventos Literários. Oportunidade para estar entre seus pares, para conhecer gente nova, evoluir culturalmente, conversar sobre Literatura ou, no mais popular e caipira, trocar dois dedinhos de prosa sobre Livros.
Eu amo os eventos Literários e recebi o convite da minha amiga Thais, da editora Matarazzo, para participar do Festival Mário de Andrade em São Paulo (capital), no último final de semana, e lá vou eu.
Hotel reservado, passagem comprada, encho a mala de livros para expor (e quiçá vender) e o coração de esperança e alegria.
Levantei de madrugada, café reforçado e vamos pra rodoviária.
Com muito sono, aguardo a saída do ônibus.
Dei sorte, vou sozinho com duas poltronas só para mim e, durmo a vontade (só espero não ter roncado). Viagem de duas horas que, para mim, duraram uns 15 minutos. Dormi o tempo todo, graças a Deus.
Acordei quando o ônibus entrou na marginal e, ai meu Deus, já começa a dura realidade de uma cidade com, sei lá, acho que uns quinze milhões de habitantes. Um trânsito gigantesco, mesmo sendo um sábado. Carro pra todo lado, diversas pistas, marginais de marginais, carro que troca de faixa, que buzina, acelera, freia e já estou com saudades da nossa 9 de Julho as cinco e meia da tarde.
É um anda e para contínuo mas, o pior ainda estava por vir.
Desço no terminal e agora a muvuca é de gente. Onde vai todo esse povo?
Terrível? Ainda havia o metrô pela frente…
Entrei em uma fila enorme, comprei os tickets e segui para a estação Tietê do metrô.
Meu Deus do céu, não serve para mim. É muita confusão, muita gente apressada e doida.
Nem consegui chegar perto de onde o trem pararia de tanta gente que havia.
Como sou esperto, pensei em não pegar o próximo trem, assim todo aquele povo entraria e o outro estaria vazio. O trem chegou, o povo todo entrou e sorri feliz. Agora sim, entro no próximo e vou tranquilo, quem sabe até sentado.
Eita, mera ilusão. Em menos de um minuto já havia outro mar de gente esperando o próximo.
O trem chegou, às portas abriram e foi como um estouro da boiada, meu Deus do céu, o que é aquilo?
O povo encosta, empurra, esfrega, tromba, uma moça passou a rodinha da mala por cima do meu pé, outro enfiou o cotovelo no meu nariz, Jesus Cristo. Não serve para mim. Tem gente vendendo carteira, chocolate e, pasmem, até…preservativos.
O problema não é o metrô em si, que aliás é solução para as cidades grandes, o problema é o tamanho da cidade que merece, justifica e precisa de, no mínimo, o dobro de trens.
Bom, alívio, chegou a estação da Luz e descemos, anda, sobe escada, vira, desce escada e entra em outro trem (affff) agora em direção a estação da República e tudo de novo, oh meu Deus do céu. Que saudades de Taubaté!
Finalmente saí do trem, mais escadas para descer, para subir, mais curvas para fazer, corredor para seguir e saímos na rua. Finalmente!
Uma breve caminhada e vamos para o que interessa, festival Mário de Andrade.
Tenho espaço no stand da Editora Matarazzo e sou recebido com carinho, alegria e um imenso e contagiante alto astral.
Por onde olho vejo escritores, editoras, livros, literatura e muita diversão. Animação total mas, no fundo da mente um pensamento me incomoda. Tenho que voltar, fazer o sentido inverso e passar por tudo aquilo de novo.
Ai meu Deus, que saudades da minha tranquila Taubaté e, mesmo assim, não vejo a hora do próximo evento.
Minha tranquila Taubaté
out 10, 2019Bruno FonsecaCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em Minha tranquila TaubatéLike