Não é por acaso; e São Paulo sempre se manteve como o Estado mais desenvolvido e mais rico do país. O espírito de luta de seu povo tem sido a alavanca para construir esse gigantesco Estado. Com certeza, a história corrobora.
A Revolução de 32 teve início com a pressão para elaboração de uma nova carta constitucional. A partir daí, intensificaram–se as manifestações que teve apoio maciço dos paulistas. Durante uma das manifestações morreram quatro estudantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo , dando origem à sigla MMDC, símbolo da luta dos paulistas pela Constituição.
Há de se ressaltar que Euclides Miragaia é Joseense e seus restos mortais foram transferidos para o mausoléu do Soldado Constitucionalista, no Parque Ibirapuera, construído em homenagem aos soldados constitucionalistas.
Esse movimento histórico me faz lembrar histórias contadas por minha avó, Maria Emília Gomes dos Santos, chamada carinhosamente por todos de Vó Milóca.
Ela participou, indiretamente, da Revolução na organização das senhoras em Aparecida do Norte. Naquela época, as mulheres eram convocadas para ajudar na confecção de uniformes para os soldados.
Vó Milóca contava que na hora dos bombardeios intensos, ela e as amigas corriam para se proteger debaixo das bananeiras.
E meu tio Firmino Xavier dos Santos Filho alistou-se como soldado e participou de diversos combates. Ele nos contava uma história de heroísmo ocorrida nas trincheiras, que atualmente ainda se ouve relatada pelos mais antigos, frase sugestiva que destaquei como subtítulo desta coluna.
VALEU A PENA
Num dos combates, um soldado solicitou ao seu superior que lhe permitisse voltar para buscar um amigo que ficou para trás, que havia sido baleado. E, o sargento respondeu: “Negativo, não volte. É uma ordem!”
Mesmo desobedecendo, o soldado foi à procura do companheiro. Ele o encontrou ferido e inerte. Bravamente enfrentou mais um bombardeio, sendo atingido. Mas mesmo assim não desistiu e chegou até a trincheira trazendo o amigo que já estava morto.
Naquele momento, ele deparou-se com o seu superior, que lhe indagou:
__Eu te pergunto, soldado: Valeu a pena? Perdi um soldado e estou prestes a perder você também. Tenho experiência em outras batalhas e sabia que isso ia acontecer.
O bravo soldado lhe respondeu:
__Sim, valeu a pena! Quando aproximei de meu parceiro , ele olhou para mim sorrindo e me disse confiante : “ Eu sabia, tinha certeza que você viria me buscar”. Se eu chegasse um pouco antes teria lhe salvado a vida.
Inspirado nesse gesto nobre e orgulhoso de ser paulista , fiz uma poesia numa forma singela de reverenciar àqueles que participaram da Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1932. Certamente, valeu a pena, pois conseguimos o nosso objetivo.
São Paulo, arrojado e destemido
Da mãe gentil, és filho também
E é com carinho e amor
Que sentimos o valor que tens
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Com as bênçãos dos céus
Nasceste risonha
No sereno da garoa, ao léu
A realidade de quem sonha.
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O teu passado condiz
Com o tesouro que és
Nascer em ti é ser feliz
É ter o mundo aos seus pés
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Nas honras de um passado feliz
Nas honras de um presente vivaz
Com orgulho teu povo bendiz
Esta data história, em paz
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São Paulo de glória
São Paulo de pujança
És um nome na história
Pleno de esperança