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sábado 23 novembro 2024
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Manifestações na América Latina: um ponto de atenção global ou uma contenda local do neoliberalismo?

O sonho do desenvolvimento pleno está em uma verdadeira encruzilhada ou vive atrás das faces ocultas do proselitismo chauvinista que exclui as pessoas do seu mundo e do trabalho? Tudo pode para os que se especializaram em explorar os trabalhadores, principalmente aqueles que têm menos qualificação e não conseguem amenizar a voracidade do mercado. Há muito que se dizer sobre as coisas que estão sendo costuradas no presente, principalmente se voltarmos na história e observarmos o ontem , o hoje e logo em seguida, perguntamos pelo amanhã. O que será do mundo diante de tantas ações destruidoras que, as vezes, fica difícil de enumerar ?
Uma coisa é verdadeira, não há lucro sem trabalho e sem trabalho não há produção, mas o capital insiste em manipular ao extremo o trabalho, controlando a capacidade de produção e mantendo seus lucros. Puxando essas questões para América Latina e retroagindo no tempo, podemos observar que a vida das pessoas está ligada a certo tipo de exploração que advém de uma herança colonial que se pauta no domínio das elites e no entreguismo, ou seja, todas as riquezas da América Latina foram e continuam sendo exploradas em benefício das elites se plugam externamente. Em muitos lugares, o povo vem, há séculos, exercendo o papel de besta de carga que fora imputado aos povos nativos pelos espanhóis, na exploração do ouro e da prata, durante o domínio dos Astecas, por Fernão Cortez e o domínio sobre os Incas por Francisco Pizzarro. No Brasil, a tendência foi uma forma de escravidão mais efetiva sobre os povos indígenas que, na medida em que avançavam para o interior, fugindo da exploração, ampliava as buscas por metais preciosos, que só foram descobertos mais tarde, no século XVIII, nos sertões da Gerais.
Toda essa riqueza foi embora, a América Latina continuou com sua elite dominante que, de certa forma, se favoreceu das riquezas ao mesmo tempo em que repassava para a Metrópole, e a mesma, por sua vez, repassava, através da compra de produtos manufaturados para países como Inglaterra, que estava realizando a sua Revolução Industrial . Então, esse ouro que ceifou muitas vidas aqui no Brasil, foi servir de garantia para a burguesia inglesa consolidar a sua Revolução Industrial, assim como o ouro e prata que saiu da Potosí e toda a região andina, foi servir aos monopólios da Coroa Espanhola.
Quando falo sobre essas questões, falo para encetar o passado em direção ao presente, recolocando a história no apontamento das crises econômicas sociais, que estão sempre a serviço das elites locais, que preferem a pobreza, a exploração e a manutenção do poder local do que permitir que as riquezas sejam divididas, em benefício do povo. Aí se permite na esteira desses acontecimentos uma guerra híbrida, liderada pelos EUA que, com certas propostas enganosas, associadas ao tema corrupção, vêm desmontando a indústria pesada, no Brasil, e gerando crises internas em outros países da América Latina. Em meio a tudo isso, a impressão que fica é de certo esvaziamento do estado de direito e a falta de soluções, que apontam de maneira direta, para o desemprego e, com isso, surge o discurso de favorecimento sustentado pela mídia. Esse tipo de discurso atualiza a dominação e redistribui a violência como justificativa de livrar o estado do peso da Previdência e as facilidades de investimentos estrangeiros e a geração empregos, que tendem a não voltarem mais, mas se esse discurso não atende as necessidades , cria-se outros capazes de forçarem o deslocamento para outras posições menos traumáticas. A essa somatória de fatores, vem o discurso que coloca no centro das ideias palavras como empreendedorismo, que leva jovens cheios de possibilidades para as ruas a disputarem espaços nas esquinas, oferecendo guloseimas para motoristas e pedestres. Isso enche de informalidade a economia e desqualifica a sociedade , deixando-a sem empregos e dignidade.
Hoje, para América Latina buscar uma mudança de reclassifique a sua economia, é preciso romper as barreiras das ruas e dos palácios, dando voz ao povo que, quando clama, é tratado sem equidade. Por isso, é preciso fazer saber que não haverá futuro enquanto não se discutir o presente, dando as bases às possibilidades de ajuste, de acerto das contas dentro da própria história. Vivemos uma nova era de exploração globalizada pelos mercados, que procura impor as camadas menos favorecidas da sociedade sacrifícios imensuráveis, como o caso da Previdência chilena, que cogitaram implantar aqui no Brasil. Por outro lado, o que observamos na sociedade é o aumento da desigualdade social e a diminuição de serviços essenciais como saúde, educação e segurança, justiça com equidade e ao alcance de todos, aplicação dos estatutos da Criança e do Idoso e uma infinidade de atitudes por parte do Estado que nunca acontecem. Estamos todos vulneráveis ao jogo servil da pátria, que serve aos outros e nunca aos seus filhos? Isso é uma clara globalização da pobreza.