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Ex-presidente busca apoio em segmento no qual Bolsonaro tem grande aderência
Em mais um aceno ao agronegócio, segmento no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem grande aderência, o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira, 10, que não é possível aceitar que “tem o homem do agronegócio bom e o homem do agronegócio ruim”. “Tem gente do agronegócio, e tem os bandidos”, emendou.
“Os bandidos são aqueles que não respeitam a questão ambiental, são aqueles que querem desmatar, e esses caras não podem ser confundidos como gente do agronegócio”, disse Lula durante encontro com o coletivo Derrubando Muros, que declarou apoio à sua candidatura.
Lula também voltou a dizer que não é defensor apenas da exportação de commodities e que, na venda de soja, há tecnologias envolvidas. “Eu não sou daqueles que digo ‘ah, o Brasil não pode continuar exportando só soja ou minério de ferro’. Até porque eu acho que esse País, ao exportar soja hoje, a gente está exportando muita tecnologia em um grão de soja, muita engenharia genética em uma carne de frango, uma carne de porco”, afirmou.
A declaração é feita no momento em que Lula ainda tenta calibrar o discurso em relação ao agronegócio. No primeiro turno, o petista teve de recuar após afirmar, durante sabatina no Jornal Nacional, da TV Globo, que parte do agronegócio brasileiro é “fascista e direitista”. Dois dias depois, Lula fez novo aceno ao setor ao afirmar que entre os produtores de alimentos há “muita gente responsável”, “que cuida do meio ambiente” e “está tentando preservar”.
Também nesta segunda-feira, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que não conseguiu se reeleger para um terceiro mandato, declarou apoio a Lula no segundo turno. A ex-ministra da Agricultura publicou nas redes sociais um vídeo direcionado aos “produtores rurais de todo Brasil”. Ela alerta que o “verdadeiro risco” é a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição: “A imagem do Brasil na área ambiental se deteriorou progressivamente no exterior e a nossa perda de credibilidade da comunidade internacional chegou ao limite”.
Pluralidade
Após receber o manifesto de apoio de membros do Derrubando Muros, o vice Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que o movimento traduz a pluralidade do Brasil que tem sido incorporada na campanha. “Essa é a lógica do segundo turno, ampliar, receber propostas, aprimorar programas, poder avançar ainda mais”, disse.
Em seu breve pronunciamento, o ex-tucano voltou a dizer que Lula tem experiência e liderança e é um nome que defende crescimento econômico com estabilidade, previsibilidade e sustentabilidade. As três palavras têm sido frequentemente usadas pelo ex-presidente em encontros com nomes do PIB, em entrevistas à imprensa e comícios.
Nesta segunda-feira, ele voltou a citá-las. “Se o presidente não tiver essas três palavras como pilares do seu comportamento e da sua ação, ele não consegue nem montar governo e muito menos consegue restabelecer a credibilidade que esse País tem que ter no exterior”, declarou.
O coletivo Derrubando Muros, formado por acadêmicos, cientistas, empresários, políticos e ativistas, apresentou um documento em apoio ao petista. Mais de 50 pessoas participaram do encontro. Entre as motivações para votar no ex-presidente, os membros do grupo citaram a defesa da democracia, da educação e do meio ambiente. Tucanos históricos, o ex-senador José Aníbal, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga e o ex-chanceler Aloysio Nunes endossaram a candidatura do petista, apesar das divergências da legenda com o PT.