Thomas Morus (1478-1535), humanista e político inglês, tem afinidades com Erasmo de Rotterdam, de quem era amigo. Sua obra mais importante é Utopia. Nela, começa fazendo uma crítica à sociedade européia de sua época, baseada na injustiça social que afeta grandes camadas da população, na sede pelo poder e nos planejamentos belicistas que regem as políticas dos Estados. Nessa crítica, similar à de Erasmo, propõe uma solução radical e constrói a sociedade ideal, situada em uma ilha chamada utopia (que literalmente significa lugar nenhum, o que coloca em dúvida a visão de Morus sobre a viabilidade de uma sociedade ideal). Ela seria regida pelos princípios da racionalidade humana: uma sociedade justa e igualitária, na qual o trabalho fosse obrigatório e realizado por todos os seus membros, que elegeriam os governantes, e na qual a educação se dirigisse a todos. Para que essa sociedade funcionasse, ela deveria ser fechada e imóvel, sem mudanças.
Thomas Morus desenvolve as características da sociedade ideal, mas não acredita que ela se imponha de forma brusca e revolucionária, mas sim que por meio racionalismo as sociedades européias tendam a parecer cada vez mais com a sociedade ideal.
A importância da obra de Morus será fundamental para a literatura do século XX, já que cria um subgênero literário de natureza política, em que se postulam, sociedades futuras ideais (assim como o contrário, a antiutopia, em que a sociedade supostamente ideal gera um espaço social desumanizado e cruel). Servem como exemplo disso as obras Admirável mundo novo de Aldous Huxley e 1984 de George Orwell.
Prof. José Pereira da Silva