Michel de Montaigne (1533-1592) reflete em sua ampla obra uma sólida formação humanista e um amplo conhecimento dos autores clássicos. Seu pensamento cético o leva a combater todo sistema absoluto de valores e todo pensamento dogmático, especialmente no âmbito da religião. Em sua obra, aprecia o valor do que é relativo e celebra a dúvida como fonte de virtude intelectual.
Sua obra principal, Ensaios, tem uma importância fundamental na história da literatura, já que consolida o gênero ensaístico moderno, caracterizado por ser menos sistemático que o tratado filosófico, e por impregnar neles muito de si mesmo, de sua biografia e de sua forma de ver o mundo. Isso faz que os Ensaios tenham um estilo próprio, individual, vivo, e que neles quase tudo possa ter espaço, sendo a visão do eu o único filtro de conceito. Assim, pois, os Ensaios de Montaigne são uma mescla de pensamento filosófico – com predominância de temas éticos e morais – e meditações pessoais, das mais profundas às anedotas ilustrativas, passando por retratos psicológicos, citações e exemplos de autores etc.
Prof. José Pereira da Silva