Os romanos construíram, em torno do Mediterrâneo, o mais sólido império da Antiguidade. Os conquistadores poderosos, no entanto, foram dominados, do ponto de vista cultural, pela Grécia ocupada. As grandes obras da literatura latina são produto dessa fusão de civilizações.
A épica e a lírica: Após um primeiro contato com a literatura grega e sua posterior tradução realizada pelos romanos, até o século II a.C., há uma assimilação do gênero épico grego por parte dos poetas latinos, que se inclinam preferencialmente pela epopéia nacional, a qual exalta a própria história. Na lírica, os temas ( amoroso,erótico, bucólico etc ) e tipos de composição variam mais, ainda que também haja regras genéricas.
Em Virgílio (70-19ª.C.,) sintetiza-se o esforço dos poetas romanos para romanizar a literatura grega. Sua obra-prima é o poema épico nacional de Roma e, ao mesmo tempo, a mais grega das obras literárias latinas. A Eneida foi composta a pedido do imperador Augusto, com a intenção de glorificá-lo como descendente do herói Eneias e infundir sentimentos patrióticos e religiosos aos cidadãos romanos.
Virgílio concebeu o plano da obra baseando-se nos poemas homéricos. A Eneida está dividida em duas partes de seis cantos cada uma. A primeira parte, baseada na Odisseia, narra como travessia até a costa do Lácio. A segunda, inspirada na Ilíada,descreve os combates e a vitória do herói. A Eneida também serve para explicar a história de Roma, como a inimizade com Cartago, cidade do norte da África.
O poema tem grande elaboração formal. Sua influência posterior também foi enorme tanto na Idade Média (especialmente notável na obra de Dante e Petrarca) como no Renascimento.
Virgílio também escreveu uma obra lírica: as Bucólicas (ou Éclogas). São dez poemas inspirados na poesia pastoril; os monólogos e diálogos dos pastores – em uma linguagem cuidada, estilizada e elegante, quase preciosista – expressam certa nostalgia pela natureza e elogiam a vida no campo.
Por José Pereira da Silva – professor
