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domingo 22 dezembro 2024
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Literatura em gotas – O rei Lear

O rei Lear é uma das mais perfeitas peças dramáticas de Shakespeare. Seu tema principal é a ingratidão, em razão da qual as personagens puras, como Cordélia, filha de Lear, tem um final trágico. A maldade das personagens impuras – as outras filhas de Lear e Edmund – desencadeia uma tormenta de loucura, ódio, morte e dor.

No início da obra, o rei Lear convoca suas três filhas, Goneril, Regan e Cordélia, e os maridos das duas primeiras, os duques de Comwall e Albany respectivamente.

O rei explica que , por causa da idade, pensa em repartir o reino entre as três, em função da quantidade de amor que elas sentem pelo pai. Goneri e Regan, hipocritamente, expressam um amor ilimitado por seu pai, mas Cordélia, a caçula, mostra-se incapaz de dizer palavras vazias que manchem com interesse o profundo amor que ela sente pelo seu pai, o rei.

Enquanto Cordélia é deserdada, as duas filhas maiores repartem o reino. Por outro lado, logo fica conhecido o desejo de Edmund, filho ilegítimo do conde de Gloucester, de arrebatar a herança que seu irmão Edgar, filho legítimo, irá receber.

Goneril, tendo conseguido do seu pai o que queria, despreza-o e mostra sua ingratidão de forma maligna.
O mau comportamento das duas cruéis irmãs, e de seus maridos, faz com que o rei fuja.
Paralelamente a essa intriga, Shakespeare desenvolve a história do gentil homem Gloster, que também vive o drama da ingratidão.

Esta tragédia barroca, na qual se multiplicam as reviravoltas e as peripécias, é impossível de ser resumida. Sua unidade é propiciada pela aventura de Lear, que, diante de nossos olhos, faz sua longa e dolorosa viagem ao fim da noite.

Shakespeare desenha o universo da loucura. Que fez Lear? Acreditou que, abandonando seu reino, poderia continuar a ser o rei. Acreditou, em outras palavras, que poderia conservar o ser renunciando ao ter. Acreditou que seu mero querer bastava para o exercício do poder.

Peça sobre a loucura, a ingratidão e a traição, Rei Lear pode ser visto como uma verdadeira lição do que são as trevas.

Prof. José Pereira da Silva