A narrativa na Idade Média tem como expressão mais importante a novela de cavalaria. Esse gênero narrativo, escrito em verso, junta elementos herdados da poesia épica e elementos próprios da lírica trovadoresca.
Entre os século XII e XIII, quando a poesia épica começa a ser substituída pela lírica provençal, a matéria cavaleiresca sobrevive sob forma romanesca. Ao contrário das canções de gesta, o novo gênero é de maior complexidade narrativa, com o autor conhecido, culto, e destinado à leitura. As novelas, ainda, trocam o verso longo da épica – destinado à récita – por outro um pouco mais breve (normalmente o verso octossíbalo). Os textos são difundidos em manuscritos elegantes e bem cuidados.
Os guerreiros feudais e o exército, próprios da épica, são substituídos por cavaleiros andantes solitários. Já não ocorrem grandes batalhas que darão glória ao herói épico, mas as novelas recriam aventuras extraordinárias que acontecem ao cavaleiro, sempre em defesa dos fracos e em luta contra monstros e gigantes, dentro de um lugar geográfico fantástico.
Além disso, o amor ocupa lugar de destaque, sob evidente efeito do amor cortês trovadoresco. Os cavaleiros das novelas já não combatem para servir o rei, ou pela religião, mas querem conquistar o amor de suas damas ou estão a seu serviço com fidelidade devotada, reproduzindo o esquema do amor cortês
O primeiro passo foi dado por Chrétien de Troyes, na segunda metade do século XII, considerado um dos fundadores do romance moderno. Suas breves obras,como o Conto do Graal, consagram como modelo definitivo de cavalaria a corte do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. Seu êxito impulsionou diferentes versões das lendas de Arthur, como Tristão e Isolda. Esse poema monumental, escrito pelo alemão Gottfried Von Strassburg (século XIII), reconta uma lenda celta que, mesmo que não pertença plenamente ao ciclo arturiano, parece estar aparentada a ele. Narra a história de um amor impossível, marcado pelo destino e pela tragédia.
Prof. José Pereira da Silva