Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido pelo pseudônimo de Molière (1622-16730, é considerado um dos grandes dramaturgos de todos os tempos. É o criador da comédia moderna, fundindo os elementos cômicos da farsa tradicional francesa e italiana (a commedia dell’arte) . com descrições de costumes, vícios e virtudes de seu tempo, e com uma análise penetrante da psicologia de suas personagens – verossímeis, extraídas da sociedade e reconhecíveis pelo público -, tudo isso completado por uma habilidade teatral extraordinária, com diálogos muito vivos. Ainda que precisasse se dobrar às normas clássicas, fez isso advertindo que uma comédia poderia ser excelente sem respeitá-las.
Seu objetivo era divertir o grande público( a regra das regras é que gostem), mas por meio da diversão conseguiu fazer uma crítica da falsidade e da hipocrisia de sua época.
Conhecedor e admirador da comédia latina de Plauto, deu vida a uma série de personagens e debilidades humanas , que ridicularizava em suas obras: o pão-duro amante do dinheiro em O avarento; o novo rico em O burguês fidalgo, a mulher pedante e pretensiosa em As preciosas ridículas, o médico de linguagem obscura em O médico à força e em O doente imaginário, e a religiosidade hipócrita em Tartufo.
O caráter satírico de suas obras lhe granjeou muitos inimigos, mas Molière era protegido pelo rei Luís XIV, que o admirava muito. Tartufo foi proibida pelo arcebispo de Paris por ser herética, e A escola de mulheres, uma apologia da tolerância e da liberdade de educação, foi acusada de licenciosa e imoral.
Em algumas obras a sátira de Molière se enche de amargura e pessimismo, o que as deixou conhecidas como obras sérias: o mencionado Tartufo, O misantropo, que recria o tipo que odeia o ser humano e a sociedade, e Don Juan, que toma o personagem criado pelo dramaturgo espanhol Tirso Molina e o converte em um rebelde frio, analítico e filosófico que se compraz em transgredir todas as normas éticas.
Prof. José Pereira da Silva