A literatura colonial hispano-americana será marcada pelas crônicas, cartas e relatos sobre a Nova Espanha, como quis batizá-la Hernán Cortés, o conquistador do México. Ele não foi o único cronista, claro. Antes dele, Colombo deu conta do seu “descobrimento”, e muitos outros falaram destas novas terras que seriam arregimentadas para a fé católica e o império espanhol.
Estes textos tinham muito de relato daquilo que os olhos viam pela primeira vez, a beleza exuberante da terra, como também o que a própria imaginação era capaz de construir. Colombo, por exemplo, falava que tinha visto sereias, não tão bonitas assim, nadando por aquelas águas.
Além dos relatos dos espanhóis conquistadores – e que deixaram em seu caminho um rio enorme de sangue nativo -, havia também os textos dos mestiços, ou seja, aqueles que já eram frutos de conquistadores com gente do lugar, como o importante Garcilaso de La Veja Inca, que deixou um relato rico, principalmente porque, tendo sido criado em Cuzco, conhecia não só a geografia local, mas o verdadeiro significado da língua nativa, e com isso poderia transportar expressões incas para o castelhano.
A cultura local também tem seu espaço, com o surgimento de Popol Vuh, um peota mítico, escrito na língua maia-quiché, pelos índios que habitavam a Guatemala. Estes índios haviam aprendido com os jesuítas o alfabeto latino e o utilizaram para redigir o poema que conta a história da criação do mundo. Era como se eles dissessem aos colonizadores que, muito antes de eles chegarem, uma cultura e uma religião verdadeiramente da terra já existiam e circulavam na boca dos nativos. Esta versão foi escrita no século XVI, baseada em relatos orais.
Outro momento importante da cultura hispano-americana será o Barroco, cuja repercussão literária atravessará séculos, desembocando em suas releituras na modernidade. Um dos nomes que se destacam , com valor indiscutível, é da sor Juana Inês de La Cruz. Uma espécie de feminista avant La lettre, tornou-se uma importante intelectual que com sua “Resposta a sor Filotea” marcou a literatura da época com seu conhecimento, ousadia e transgressão.
Prof. José Pereira da Silva