Até meados do século passado, era o francês, e não o inglês, a língua universal. Intelectuais do mundo todo o tinham como segunda língua. O Brasil não era exceção. A cultura brasileira até a Segunda Guerra Mundial, quando o império americano impôs o inglês no mundo, seguia os ditames parisienses. A literatura francesa teve peso decisivo na formação de escritores e leitores brasileiros.
A literatura francesa esteve presente na vida e obra de muitos escritores brasileiros. Montaigne(1533-1592) era leitura de cabeceira de Machado de Assis(1839-1908),que deixava vazar em seus romances a filosofia do grande ensaísta francês.
Os primeiros republicanos brasileiros captaram ideias lançadas pelos iluministas que precederam a Revolução Francesa(1789).No século XIX, Victor Hugo(1802-1885),o romântico das boas causas humanitárias, seria modelo para o abolicionista Castro Alves(1847-1871).
O memorialista Pedro Nava(1903-1984) assumiria sua dívida estilística para com Proust(1871-1922).André Gide(1869-1951), Anatole France(1844-1924),André Malraux (1901-1976),Sartre(1905-1980),Camus(1913-1960),todos eles fizeram a cabeça da geração que se encontrava em plena maturidade nos anos 60.
De lá para cá, os concretistas redescobriram Mallarmé(1842-1898) e os poetas modernos, além dos provençais da Idade Média, quando o francês como se conhece hoje ainda não existia.
A literatura francesa devido sua dimensão não tem fronteiras. Um dos traços da literatura francesa está na capacidade de atravessar os limites do território nacional e se irradiar para todo o Ocidente, a partir do fim do século XVII.
Ocupando uma posição privilegiada no mapa da Europa, recebendo influxos variados, desde o século XIII a França reunia em sua universidade parisiense, a conhecida Sorbonne, intelectuais de todas as partes. O idioma comum de alunos e professores era o latim, também utilizado pela Igreja e repositório da cultura letrada.
O povo utilizava falares regionais, mas, aos poucos, a monarquia imporia a língua, a concentração da autoridade nas mãos do rei e a unificação do território, marcas da França em direção aos tempos modernos.
Prof. José Pereira da Silva