Junto a uma poesia popular, anônima e transmitida oralmente, desenvolveu-se na Idade Média uma lírica culta que teve seu expoente máximo na poesia provençal ou trovadoresca, que representou uma mudança de sensibilidade quanto à épica.
No começo do século XII apareceu no sul da França a primeira escola de poesia lírica culta em uma língua românica, o provençal. Seu enorme influxo provocou imitações em outras línguas europeias, sobretudo o francês, o catalão, o galego-português e o alemão.
Essas novas composições apresentavam várias novidades importantes. Não eram anônimas,mas obra de autores conhecidos, chamados trovadores ( na Idade Média, o termo poeta se aplicava a autores que escreviam em latim). Os trovadores compunham os poemas e os difundiam acompanhados de música, normalmente também composta por eles. Eram uma espécie de jograis, mas cultos (mesmo que não fossem clérigos) e muito mais respeitados. Havia entre eles de nobres a plebeus.
O público de trovadores era principalmente uma aristocracia cada vez menos guerreira e mais refinada. A essa aristocracia , a canção de gesta, com seus heróis brutais e ingênuos, deixou de interessar; ela começou a inclinar-se pela temática amorosa. Surge uma nova concepção de amor; desenvolvida pelos trovadores e resumida no Tratado do amor cortês,de André Capelão (século XII): o amor cortês. Trata-se de uma adaptação do feudalismo à relação amorosa. Surge a dama, nobre e casada, a quem o poeta, vassalo obediente a seu serviço, ama apaixonadamente em segredo. Esse amor impossível faz o enamorado sofrer, mas também o dignifica.
Prof. José Pereira da Silva