São conceitos estéticos que recorrem ao sagrado enquanto processo de pertencimento e de criação, de reinvenção conforme a necessidade do uso. Um caso exemplar é o da roupa da baiana. Roupa multicultural, reúne elementos visuais e simbólicos do candomblé, mantendo as cores dos orixás: branco para Oxalá; azulão para Ogum; vermelho para Iansã; vermelho e branco para Xangô; amarelo para Oxum; etc; além das jóias-rituais: fios de contas, correntões em prata, ouro e alpaca, argolas, pulseiras os turbantes que ajudam na identificação dos orixás.
A roupa traz também fortes marcas muçulmanas, seja na bata – peça larga de pano -,nas chinelas de couro com ponta virada para cima, à mourisca, ou na evidente permanência do barroco, fazendo reviver estéticas do século XVIII com as amplas e arredondadas saias e anáguas e os bordados em richelieu. A África ocidental é também simbolizada com o pano-da-costa, feito em tear artesanal.São também muitos outros produtos como búzio-da-costa, palha-da-costa, sabão-da-costa, pinta-da-costa, compreendendo um lugar na região do golfo do Benin, ainda conhecido como costa-da-Guiné, costa-dos-escravos, costa-mina, costa-do-ouro, costa-do-marfim, costa-da-malagueta e costa-dos-grãos, entre outros.
Por José Pereira da Silva