Na obra O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, Miguel de Cervantes se propõe fazer uma paródia dos livros de cavalaria, mas o resultado ultrapassa esse propósito. O livro entrou para a história como fundadora do romance moderno. Alonso Quijano é um fidalgo modesto e já maduro que enlouquece por ler livros de cavalaria e decide emular os cavaleiros andantes,
Ele adota o nome de Dom Quixote de La Mancha e sai em busca de aventura. Como o herói que imita, ele oferecerá todos os triunfos àquela que acredita ser a sua dama, Dulcinéia del Toboso, que na realidade é a camponesa Aldonza Lorenzo.
Dom Quixote veio a público alguns decênios depois do primeiro grande romance picaresco, As aventuras de Lazarillo de Tormes, publicado anonimamente em 1554.
Livro construído para combater outros livros, Dom Quixote só pode ser compreendido quando visto como um todo. No início, o leitor assiste à queima dos romances do herói e à interdição de sua biblioteca por iniciativa do cura do vilarejo; mas no final, quando recobra a lucidez, Dom Quixote mergulha em uma tristeza mortal; e quem lhe pede para voltar à loucura e retomar a vida de aventuras? Sancho Pança, o realista. Se a vida não está nos livros, sem os livros, sem o mundo da ficção, a vida não seria verdadeira. Daí por que o livro de Miguel de Cervantes é considerado a obra fundadora do romance moderno, um livro que questiona a própria literatura.
Ao lado de Don Juan e do Cid, Dom Quixote é a terceira figura universal inventada pela literatura espanhola.
Prof. José Pereira da Silva