Quase todas as tragédias são obras da maturidade e representam o ápice do teatro de Shakespeare. Por meio de seus protagonistas, símbolos das diferentes paixões do homem, o dramaturgo traça um profundo retrato da complexidade da alma humana e das grandes dificuldades da vida. As principais são:
a) Romeu e Julieta: a inimizade entre suas respectivas famílias e a fatalidade aliam-se para impedir a união entre os jovens protagonistas, protótipos de amantes apaixonados.
b) Hamlet: príncipe da Dinamarca enfrenta a aparição do fantasma de seu pai assassinado exigindo vingança. As dúvidas e a indecisão, expressas em famosos monólogos, torturam o jovem, pois entre os culpados estão sua mãe e o pai de sua amada. No final, à custa de sua própria vida, consumará o sangrento castigo.
c) Otelo: o ardiloso lago estimula o ciúme em Otelo, que o leva a estrangular sua amada esposa, a inocente Desdêmona.
d) Macbeth: a ambição de poder, estimulada por sua esposa, leva o nobre escocês Macbeth ao crime. Conseguirá a coroa, mas ambos sofrerão terríveis remorsos antes de seu trágico final.
e) Rei Lear: o ancião protagonista, ao tentar medir o amor de suas filhas, desterra a única que lhe quer realmente bem, enganado pela hipocrisia das outras duas. Terminará destronado, abandonado por todos e meio louco.
Shakespeare foi um mestre na gradação do ritmo dramático e na administração dos recursos teatrais. Também foi um criador de personagens que por vezes se transformam em arquétipos da paixão que domina esse personagem.
Além de tudo isso, a grandeza e a atualidade do teatro de Shakespeare baseiam-se no caráter multifacetado de suas obras: devido à riqueza de sugestões e à pluralidade de sentidos que existe nelas.
Prof. José Pereira da Silva