Cervantes escreveu poesia e tentou fazer sucesso no teatro, mas não conseguiu. Entre sua produção dramática destacam-se os entreatos, obras curtas que se representavam entre um e outro ato de uma comédia. A única obra em verso publicada por Cervantes foi A viagem ao Parnaso (1614), em que debate a própria literatura.
A primeira etapa da produção teatral de Cervantes se desenvolve no final do século XVI. Das obras desses primeiros anos estão conservadas O acordo de Argel e Cerco a Numância.
Nessa última representa-se a heróica resistência dos habitantes da cidade diante do ataque de Cipião. Trata e de forte caráter patriótico.
Seus entreatos, por sua vez, se desenvolvem em ambientes urbanos, e as personagens são geralmente das classes marginalizadas em conflito com as normas sociais.
Na primeira parte do romance, as aventuras de Dom Quixote são motivadas por sua própria imaginação, enquanto na segunda normalmente são provocadas por golpes das personagens. No entanto, com a chegada à Catalunha dos protagonistas, os episódios que acontecem no livro tem nova origem. Como indica Martin de Riquer, professor de literatura e um dos maiores estudiosos de Cervantes, na viagem à Catalunha as personagens vivem aventuras verdadeiras: o encontro com os bandoleiros os faz enfrentar a morte, e sua temporada em Barcelona os levará a participar de um combate marítimo em que alguns soldados morrem.
Em oposição à valentia que Dom Quixote mostra ao longo do romance nas aventuras fictícias, nesses capítulos o fidalgo sente medo e se mostra incapaz de resolver os problemas reais. Dom Quixote parodia, portanto, o conceito de heroísmo presente nos livros de cavalaria e mostra que a valentia exigida pela vida real não se ajusta a essas elucubrações.
Prof. José Pereira da Silva