A literatura barroca na Itália e na Alemanha tem menos expressão que os outros países; no entanto, existem autores e obras de interesse.
No âmbito da lírica italiana, o poeta mais importante é Giambattista Marino (1569-1625). Sua obra se caracteriza por uma grande elaboração de rimas, jogo de palavras e imagens, com os quais muitas vezes sobrecarregou seus versos.
Marino é autor de enorme produção literária. Dela, destaca-se a fábula mitológica “Adônis”, poema extenso de vinte cantos, com influência de Ovídio, que o argumento breve ( os amores de Vênus e Adônis) se amplifica muito por meio de repetições e variações. Também compôs os livros de poemas A lira e A galeria, em que recria poeticamente uma galeria de arte.
Imitando seu estilo, surgiu uma corrente poética, o marinismo, que se parecia com o cultismo menos complexo.
Quanto à prosa, destaca-se a obra literária e ensaística de três grandes prosadores e cientistas, que prolongam o espírito do Renascimento:
a) Galileu Galilei (1564-1642), modelo de expressão científica, escreve obra não apenas de caráter acadêmico, mas de divulgação, com o ideal de transmitir o conhecimento científico ao maior número possível de pessoas. Em uma prosa simples e clara, mas elegante, escreveu, entre outras obras, Diálogo sobre os dois máximos sistemas ensaísticas sobre a literatura de Dante, Ariosto e Tasso.
b) Giordano Bruno (1548-1600) é, além de filósofo, autor de uma comédia intitulada O candelabro e do diálogo moral e literário Das cóleras heróicas, em que expressa sua oposição às regras rígidas a que a poesia tinha de se submeter.
c) Tommaso Campanella(1568-1639), pensador e poeta, escreveu o tratado utópico A cidade do Sol, composto durante sua larga permanência no cárcere, em que descreve um estado teocrático universal baseado em princípios de igualdade.
Com relação ao teatro, na Itália do século XVII convivem vários gêneros teatrais, alguns de tipo tradicional, herança do Renascimento (a tragédia clássica, a comédia), e outros de inclinação nova, como o drama musical, conhecido posteriormente com o nome de “ópera”, em que se fundem artes distintas (poesia, música e cenografia).
Mas sem dúvida a grande contribuição do teatro italiano barroco é a solidificação de um gênero novo, nascido no século XVI: a commedia dell’arte.
É um teatro de tipo cômico, feito por profissionais e baseado, dentro de certos limites, na improvisação; parte de personagens mascarados que se caracterizam com tipos cômicos muito concretos (similares aos da comédias latinas de Plauto). A trama não se baseia na análise psicológica de um caráter, mas na intriga e na ação levada ao palco de forma ágil, em que a mímica era abundantemente usada para criar efeitos cômicos.
As características especiais fazem com que a comédia de arte não tenha um texto concreto e pré-fixado; os dramaturgos ficam em um segundo plano em relação aos autores, protagonistas autênticos da representação, que encarnam personagens arquetípicos, como Arlequim, Polichinelo, Colombina e Pantaleão.
Prof. José Pereira da Silva