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quarta-feira 27 novembro 2024
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Leitura de Taubaté – Rússia de Bolsonaro

O presidente embarcou levando consigo um projeto; ou seja, resolver o problema de insumos para a produção de fertilizantes no Brasil. No seu íntimo, de presidente antenado com o mundo, pensava em ter uma reunião com Lenin, Stalin, com o monge Rasputin, com o Czar Nicolau e família. Ninguém, da comitiva comunicara o presidente brasileiro que essas personagens, desencadeadoras de desejos eróticos e políticos, morreram a uma pequena centena de anos.

Ninguém da comitiva entendeu, também, o pedido de Bolsonaro para no momento do encontro com Putin, um símbolo humano que conseguiu arrepiar o presidente brasileiro; tornando-se um exemplo de personalidade forte, temido e respeitado pelo mundo, estando no poder por um breve período de vinte anos. Bolsonaro exigiu que se colocasse sobre a mesa enorme do presidente russo, uma lousa e um giz branco. Ele pensou em dar uma aula para Putin de Linguística Germinada nas Gramáticas Históricas do País Eslavo.

A aula seria assim: “Meu presado presidente, homem sério e celibatário durante o dia e, meio tarado a partir do anoitecer, o seu nome Putin vem do latim popular do tempo do Imperador Nero. A sua raiz, parte subterrânea do vocábulo, prende-se à expressão Put, presente no substantivo putaria, putanesco, perereca, periquita, racha, rachadinha; logo, a suas atitudes passam pelos significados desses signos importantes para o universo. Assim, a humanidade lhe deve muito, isto é, desde o homem da caverna e a sua forma de sobrevivência, entende-se que seus passos foram putanizados, como marca registrada da criação de todas as coisas.

O que o Brasil precisa do senhor é uma liberação para conversarmos, alguns minutos, com Lenin, com o Czar Nicolau, com o monge Rasputin, com Stalin, aos quais exigiremos licença para exportar à Rússia nossos picolés, feitos em saquinhos plásticos, caracterizados por uma junção de cores de acordo com os sabores; pretendemos colocar no mercado russo, nossas pipas, produzidas nas comunidades carentes do Brasil, que poderão ser usadas em substituição aos drones caríssimos que cortam os céus dos países escolhidos para atos de espionagem direcionadas; o monge Rasputin, disse que é de interesse imediato alavancarmos esse comércio de alta tecnologia. Pretendemos também exportar cachimbos de Exu, pinga de Oxossi, camisinhas do caboclo Sete Ventos.

Depois da assinatura dos tratados comerciais, pediremos licença para nos isentarmos da solenidade em memória dos Soldados Desconhecidos, pois, usando de muita sinceridade e transparência, se vocês não conhecem os soldados que lá estão enterrados, quanto mais nós, eu e a comitiva, que somos do país da Garota de Ipanema.

O seu ministro das relações conjugais, senhor Fofoquevenco, quer saber detalhes de minha vida amorosa, afetiva, sexualmente ativa. Ele quer me vencer preservativos sonoros, demarcados pelo romantismo russo, com a voz Waldirez Covisque Sorianochove. A minha vida erótica não tem segredo algum. Casei-me com a beleza estonteante da época, a garota Rogéria Montes Nunes Braga, que me deu três lindos filhos, todos machos, Flávio Rachadinha; Carlos, um hacker dos melhores, um produtor de notícias falsas e estatísticas desfundamentadas e Eduardo, mestre na técnica de fabricação de cachorro quente e hambúrguer de carne de gato, motivo pelo qual, tentei nomeá-lo embaixador nos Estados Unidos. O casamento desgastou, esfriou, congelou. Conheci, então, Ana Cristina, mulher de Ivan Mendes, militar da ativa. Foi amor à primeira vista. O amor cresceu no dia doze de abril, uma quarta feira. Eu era deputado, estacionei o meu carro no estacionamento da Assembleia; Ivan se aproximou de deu-me um soco no olho direito, eu não reagi. Ficamos junto por uns anos e, seguindo a normalidade, tivemos um filho, Renan, que levei meses para conhece-lo.

Depois dessas aventuras, conheci Michelle de Paula Firmo Reinaldo, na Câmara dos Deputados. Foi paixão aguda, paixão de caserna; casamos na igreja do Silas Malafaia, ou seja, uma mala sem alça unida a produtores da agricultura que faia, ou seja, nada nasce. O casamento deu certo, mas em uma noite repleta de amor, senti uma sensação esquisita, dei uma guinada fora do contexto e produzi uma mulher, fato que não podemos apontar como causador dos meus complexos, traumas, síndromes, e outras manifestações que costumam habitar o meu ser.

Depois de negociar produtos importantes produzidos pelo Brasil; conversar com espíritos da história russa; contar fatos de sua sexualidade, reuniu-se com outras autoridades russas, adquiriu dois quilos de pó de barbum, um produto eliminador de barbudos que, por força do destino possam cruzar o seu caminho; adquiriu três quilos de pó de moroscatreco, produto que impede juízes de candidatar-se ao cargo de presidente; de Fidefenko, um camelô de beira de estrada comprou um litro de refrigerante doriano, líquido que aperta tanto as roupas de quem bebe que o pobre morre por impedimento circulatório.

Ao anoitecer, no coração da Rússia, Bolsonaro passou a chefia do cerimonial um CD com a gravação do hino brasileiro, para que o executassem diante da tropa, do presidente russo, das autoridades moscovitas.

Noite de lua cheia.
Poucas estrelas no céu.
Gritos saindo das bocas das tavernas.
Prostitutas nas esquinas geladas,
Esperando pelo homem que está,
Não por gosto ou vontade própria,
Na divisa da Ucrânia.
O CD começa a rodar, espanto lícito,
Putin nada entende. Emudece.
A tropa troca olhares paranoicos.
A bandeira do Brasil enlaça,
Amorosamente, a bandeira russa.
O CD, entregue por Bolsonaro,
Era a música “Carinhoso”, de Pixinguinha.

O avião presidencial brasileiro, dá a partida, engasga, todos o empurram, e o voo traça a rota entre as estrelas em direção do Brasil, e Bolsonaro, presidente primo da Pantera Cor de Rosa, dorme com a mascara no rosto; os seus pensamentos sonham com um engenho de açúcar, onde, gostosamente, Dória, Moro, Lula, Ciro, Kassab, Alckmin, Tebet, são moídos lentamente…

Prof. Carlos Roberto Rodrigues