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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Leitura de Taubaté – Putin, a Ucrânia e Bolsonaro

Putin visitou a casa de sua namorada, no centro de Moscou. Ela, toda sorridente, agradecida, por ter uma cama que pertencera ao Czar Nicolau. Nessa cama, nas noites de inverno congelante, ela conseguia possuir todo o poder da Rússia, deitado sob as cobertas de lã de carneiro montês, nu, completamente nu, exatamente como um porco da raça agromundo, um suíno temperamental, meio vidente, desequilibrado, acredita haver um paraíso especial para os porcos, onde ele teria, como gratificação centenas de porcas em estado de cio permanente.

Nessa visita de Putin, encontro agendado nos documentos oficiais, a amante de Putin lhe servira testículos de agromundo, ao molho de mostarda, gergelim produzido no quintal de uma prisão nas montanhas, pimentas espoletas, originárias do campo prisional de Soloviski.

Ele comeu como somente os animais sabem comer, amou a mulher mergulhado nas histórias das orgias sexuais praticadas pelo monge Rasputin, gritou ordens de comando a um órgão cabisbaixo e destemido. Usando o termo profetização, para os últimos instantes em estado de vigília de Putin, o político sagrado da Rússia tombou de lado dos travesseiros, babou por três longos minutos, fechou os olhos usando mais dois minutos e meio e, por fim, agarrou o ronco encolhido entre as cobertas, engolindo-o rapidamente, tática usada pelos ditadores que povoam o mundo insensível. Depois disso tudo, entrou numa carruagem, partindo para o universo dos sonhos.

Sonhou que Hitler caminhava arrastadamente pelas ruas da Ucrânia, dizimando cidadãos russos, morando e vivendo no país vizinho. Hitler assassinava os russos da Ucrânia usando armas do próprio exército ucraniano. Em seu sonho, agitado pelo desespero, chamava Hitler de genocida, assassino despolitizado. A fada Shit surgiu no meio do pesadelo putiniano, usando o seu cajado mágico, aconselhou o ditador russo a eliminar vestígios da passagem de Hitler pelas ruas da Ucrânia e destruir as armas do exército do país vizinho.

Putin acordou do seu pesadelo as cinco horas da madrugada. Levou alguns segundos para recuperar a voz; levou uma dúzia de minutos tentando conectar-se ao mundo real, sólido, preciso. A amante, deitada e abraçando a sua própria nudez, soltou um grito ao ver o dono do poder na Rússia sentado no meio da cama, numa posição sem nenhuma proteção passível. Ao vê-la acordada, abobalhada, mas despertada pelo susto, o ditador semi-erótico iniciou um discurso sem rabo e sem cabeça: “Estou muito preocupado com a segurança nacional do país, não sei o que está acontecendo, mas acordo vendo o rosto de Zelenzky no teto do quarto, nos travesseiros, embaixo da cama, tatuado em meu peito, nas portas. Interpreta-me vivendo situações ridículas, faz uma insinuação cômicas dos relacionamentos que ocorre no meu gabinete”.

No pacote de ações sonhadas por mim, vejo o Zelensky conquistando e comemorando a entrada do seu país na OTAN, vejo o Baden instalando uma base militar na Ucrânia, apontando um míssil em direção ao meu traseiro, sinto a Estátua da Liberdade assando-me lentamente por meio daquela tocha que não sai de suas mãos.

Esses meus sonhos, meus delírios mais abrangentes, levar-me-ão, a qualquer momento a realizar uma invasão militar ao território ucraniano atendendo a uma razão de ordem psicológica, obedecendo aos desequilíbrios que me destroem por dentro, ou seja, a causa da invasão tem como justificativa o meu medo, pavor, temor, assombramento, perplexidade.

A amante, com pena do estado emocional de Putin, aconselhou-o a ficar mais um pouco, prometendo-lhe toneladas de carinhos. Putin não aceitou, levantou-se, entrando num lindo terno cor de rosa. Na saída perto da porta, explicou a amante os motivos de sua pressa: “Hoje receberei o presidente do Brasil, o confuso Bolsonaro. Um puxa-saco que nasceu exatamente para desempenhar uma grande missão, ou seja, puxar o saco dos ditadores que admira, venera, enaltece e de alguma forma, os transforma em seus ídolos, seus fetiches pessoais. Tenho que me proteger muito durante esse encontro, pois, a qualquer momento posso ser agarrado e beijado, beijo de presidente apaixonado, adoidado, aluado, alienado e dono de um beijo melado, babado, mordido”.

E assim, da forma que aqui foi narrado, Putin partiu da casa da amante para o seu encontro com o presidente Bolsonaro e sua comitiva, porém, a sua comitiva não foi registrada como visitante oficial, pois nada representa a Rússia ou a qualquer país do mundo.

Prof. Carlos Roberto Rodrigues