A cidade de “Marília” foi gerada por uma invasão do amor que, segundo alguns historiadores, procurava fazer parte do planeta azul. O amor que fundou Marília partiu da poesia de um inconfidente chamado Tomás Antônio Gonzaga, um homem da política, do poder, do sonho de liberdade e da sua paixão pela menina Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, aconchegada ao peito do poeta onde batia um coração que repetia, dia e noite, o cognome Marília…Marília…Marília…
Nessa cidade vivia o médico Paulo Perches Stipp, um homem comprometido com a medicina, literatura, jornalismo e, nas horas vagas ou movimentadas da noite, contava as estrelas que se aproximavam da lua. Uma noite, depois que o trem parou na estação da cidade, o Dr. Paulo resolveu voar em direção ao infinito, onde o mistério cobre o calçamento das ruas.
Dr. Paulo, com sua partida, deixou a esposa e os filhos Stipp Junior e sua irmã Laura, naquele tempo do acontecimento, o menino tinha seis anos.
Após a morte do pai, seguindo falas e profecias, veio morar com a mãe em Cruzeiro, para ficar perto da avó. As andanças enchem as malas, guardam o seu passado, levando – no onde o vento está. Assim, Stipp Junior partiu para Lavrinhas, caminhou alguns passos, bateu nos portões do seminário do município, matriculou-se para o curso de formação de padres. Os meses foram correndo as margens dos rios, viravam as folhas do calendário, a filosofia de Platão, Aristóteles, São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, entravam no sentimento de Stipp Junior, balançavam as suas estradas e o seu plantio. Na chegada do verão desistiu do sacerdócio. O seu caminho determinado o colocou na Rádio de Guaratinguetá, local que lhe possibilitou desvendar os enigmas do jornalismo radiofônico.
Na festa de São João, observando as chamas das fogueiras, o balanço das quadrilhas, os bilhetinhos dos apaixonados apaixonantes, resolveu montar um sistema de auto – falante em Lorena, atitude que uniu o povo, informou, divertiu e emocionou.
As horas necessárias, no dizer do fantástico – maravilhoso nasce na bolsa de couro de um duende, morador da aldeia do noticiário; esse duende nomeia as pessoas capazes para ocupar sérias posições na vida. Foi dessa forma, e não de outra, que Stipp Junior adentrou as portas do jornal “O Estado de São Paulo”.
Stipp respirou o mundo concebido por Anchieta, vasculhou a garoa de Mário de Andrade, noticiou as óperas, teatros, circos de rua criados pelos imigrantes que foram chegando…chegando…ajeitando…transformando…mudando na corrida dos dias, cruzou os oceanos, as nuvens passageiras ou permanentes, para notificar, com letras e fotografias, os fatos que costuravam o mundo.
Na sombra de um tempo qualquer, veio a Taubaté, para fundar uma sucursal do Jornal “O Estado de São Paulo” no interior, nas terras de São Francisco das Chagas.
As ações deram de aumentar a sensibilidade de Stipp Junior, na calçadaria onde passaram as bandeiras; procurando entrar por outros sertões, fundou em Taubaté o jornal “Nós – Jornal do Vale”, em companhia de Luís Paulo Costa, Djalma Castro, e a esperança que caminhava sempre à frente dos presságios positivos. Mudou de cor, seus olhos buscavam compreender a essência do ser humano, quando soube da morte do jornalista Wladimir Hezog nas dependências do Doi – Cadi, em São Paulo.
De lá para cá, um carrilhão de fatos, história, acontecimentos, desfilavam pelo interior do “Diário de Taubaté”. O jornalista Stipp Junior comprou as máquinas do jornal O Lábaro, do Monsenhor Padre Cícero; depois adquiriu as máquinas do jornal do ex-presidente Itamar Franco e, por fim, modernizou a redação do Diário de Taubaté com equipamentos.
O “Nós Jornal do Vale” incomodou gente poderosa, seres humanos que detestam confrontação de pensamento, de ideologias temperadas em panela de barro, ao lado de milho de pipoca.
Passados os desarranjos, ergueu e criou o “Diário de Taubaté”, juntamente com Antônio Carlos Faria Pedrosa, José Antônio de Oliveira, Nabor Aiub, e o coração, a emoção, a verdade, a informação. O jornal nasceu em 29 de junho de 1975, ano que marcou, a ferro e fogo, a história do Brasil. O jornalista Stipp Junior, de acordo com depoimentos de amigos, emudeceu, de alta precisão, de acordo com a evolução de alta tecnologia. O que, dentro da ebulição provocada pelo jornal, mais nos interessa neste momento, é a comemoração dos seus 47 anos de vida. Nesse tempo de existência, o Jornal Diário de Taubaté acompanhou o povo de Taubaté e região, noticiando, cobrindo eventos políticos, artísticos, educacionais, esportivos; oferecendo uma panorâmica do que se passa nos organismos mundiais que, de alguma forma, abala a vida dos brasileiros.
O mês de janeiro desperta além das alturas da Mantiqueira, percorre as águas do rio Paraíba, visita os ninhos dos pássaros que ainda nascerão. Sente que em seu corpo se comemora o Dia da confraternização universal, Dia de Reis, visitadores de grandes caminhadas, Dia do Fico, um fragmento da indecisão de D.Pedro I, Dia Internacional de Combate à intolerância religiosa, Dia internacional em memória das vítimas do holocausto.
No dia 10 de janeiro de 2007, Stipp Junior estava deitado. Os seus pensamentos navegaram todas as nuvens pairadas sobre os oceanos. A sua consciência viva procurava entender os princípios e os portos de chegada da humanidade que passou o solo da terra. Foi nesse ensejo que Deus o chamou para viajar pelo universo e o grande jornalista Stipp Junior nos deixou.
Nos corredores onde Stipp se movimentou no Diário de Taubaté, Iára de Carvalho, Diretora Responsável, continua caminhando; na administração, sala de reflexão, Anaísa Stipp mantém a temperança; na Diretoria Comercial, relacionamento com a extensão dos andamentos, Ana Luíza Stipp estabelece a frequência da vida do jornal.
Aos leitores, a quem amamos, Stipp está vivo, o jornal continua apresentando, diariamente, o destino andejo do mundo, e os sonhos frequentam todos os nossos desejos.
Prof. Carlos Roberto Rodrigues