O ano de 1986 marcou o Brasil impondo-lhe ferimentos, uso de bandagens, atitudes impostas pelo queridíssimo Presidente José Sarney que tomou posse sobre as ordens do General Leonidas Pires Gonçalves, general ministro do exército. Nunca o Brasil viu, num só instante, tanta boiada no comando do país.
Sarney entrou como um super-homem que conseguia se transformar de uma hora para outra, no coelho Pernalonga. Com a euforia de quem voa no chão, Sarney autorizou a legalização do Plano Cruzado, um projeto do Ministro Dilson Funaro. O cruzado valia mil vezes mais do que a moeda anterior; o erro, porém, ficou por conta do congelamento de preços que conseguiu eliminar a concorrência, a liberdade do mercado interno e de exportação; a consequência, como disse o marinheiro Popeye, não encontrando espinafre nas prateleiras dos supermercados, causa óbvia, previsível, as empresas pararam de produzir, colher, vender. O que o presidente Sarney tinha na cabeça? Nada, pois sofria dos intestinos, constipação, tudo que era para sair subiam-lhe na direção do cérebro.
Nessa época havia, no exército, um soldado, capitão, chamado Jair Messias Bolsonaro, homem de difícil convivência, intragável, pois ele acreditava que, em outras vidas, abrira o Mar Vermelho para passagem dos fugitivos do Egito.
Como capitão, que não significa muito na hierarquia do exército, vivia e desvivia um “psico”, alguma coisa atendendo pelo nome de Bolsonaro. Em entrevista a uma jornalista da Revista Veja, desrespeitou a organização disciplinar do exército, dedurando a porcaria de salário, que os oficiais do exército recebiam.
Vejamos o que o nosso presidente falou a jornalista, não escreveu nada. Foi apenas uma entrevista. O então capitão daqueles “machos”, mas tomado de uma imbecilidade transparente, disse a revista: “Corro o risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectiva que enfrentamos é maior.
Sou um cidadão brasileiro, cumpridor dos seus deveres, patriota e portador de uma excelente folha de serviços.
Apesar disso, não consigo sonhar com as necessidades mínimas que uma pessoa que do meu nível social e cultural poderia almejar. Nosso exército é uma vergonha nacional e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet”.
O problema maior nesta postura de Bolsonaro tem a sua raiz num artigo da Revista Veja comunicando a expulsão de vários oficiais do exército por homossexualismo, consumo de drogas e uma suposta falta de vocação militar. A resposta de Bolsonaro, em outro texto fala: “como capitão do exército brasileiro, da ativa, sou obrigado, pela minha consciência a confessar que a tropa vive numa situação crítica no que se refere a vencimentos. Uma rápida passada de olhos na tabela de salários do contingente que incluía de terceiro sargentos a capitães demonstram, por exemplo, que um capitão com 8 ou 9 anos de permanência no posto recebe, incluindo soldo, quinquênio, habitação militar, indenização de tropa, representação e moradia, descontadas o fundo de saúde e a pensão militar, recebe exatos 10.433,00 cruzados por mês”; hoje esse valor corresponderia a 8.782,00 reais, o que já é muito para ele, se avaliarmos a capacidade. Ele retirou a vacina do trabalhador, destruiu mais de 600 mil lares, implantou a fome no país, e ampliou o desemprego.
Mais adiante, na mesma denúncia, Bolsonaro afirma: “Esse quadro é a coisa sem retoques da evasão de mais de 80 cadetes da AMAN, eles solicitaram desligamentos, não foram expulsos como sugere o noticiário”. Mas adiante, ele fala exatamente, como nos dias atuais: “Em nome da verdade: é preciso esclarecer que, embora tenham ocorrido efetivamente casos residuais envolvendo a prática de homossexualismo, consumo de drogas e mesmo indisciplina, o motivo de fundo é outro. Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira, dentro do quartel e na imagem externa do exército, planejada pela nossa ameaça presidencial”.
Bolsonaro apresenta a sua solução, a produção de bombas que poderiam ser jogadas dentro dos quarteis, nas ruas, praças, lugares públicos. Bolsonaro chegou a fazer croquis dos lugares onde as bombas explodir-se-iam. No croqui, uma das bombas seria colocada na adutora de Guandu, que abastece o Rio de Janeiro, mesmo plano elaborado por Marighella, Carlos Lamarca e outros chamados “terroristas”, mas parece que no exército podia haver terroristas oficiais.
O que interessa, neste artigo, é que Bolsonaro fora julgado, condenado e os coronéis responsáveis pela investigação disseram: “Bolsonaro, durante todo o processo, mentiu muito, chegou a negar a autoria dos croquis. Foi preso por 15 dias, tornando-se manso, pacato, semelhante a um cordeirinho no pasto”. Recorreu da sentença, foi absolvido e aposentado, por caridade do exército nacional. O que nos assusta, no entanto, é Bolsonaro concordar com a existência de homossexuais, drogados, indisciplinados, na casa de Duque de Caxias, símbolo da segurança nacional.
O Brasil, que todos nós amamos, está sem governo, sem ordem, sem a presença da verdade. O que há, no poder, é um homem que conseguiu se entupir de camarões em Camburiu detonando e empurrando suas bridas para o cérebro. Estamos próximos de um fim sem perspectivas de futuro.
Prof. Carlos Roberto Rodrigues