A melhor maneira de analisarmos o Brasil sociologicamente, politica e economicamente é colocarmos o país inteiro dentro de uma garrafa, para que não nos escapem movimentos, suspiros, gritos, revoltas. A massa acredita que não temos vulcão, terremotos, maremotos, no entanto somos ricos em quantidade de chuva, calor, frio e, a maior tragédia real, solida, uma catástrofe que anda, não pensa, mas tenta pensar, vive num gabinete presidencial apelidado de Hospício Nacional e responde pelo horrível nome de Bolsonaro, cujo significado pode ser dardo cego, flecha sem ponta, broxada, inerte. Se empacotarmos as fardas que passaram pela presidência, de Deodoro a Bolsonaro, torcemos o tecido para não extrairmos toda sujeira, sobrará um barro no fundo do balde.
A sua infância, obedecendo ao seu depoimento no programa televisivo “S.Q.C.”, admite: “Todo mundo ia atrás de galinha no galinheiro na minha cidade. Alguns mais malandros iam atrás da bezerrinha, da jumentinha. Era comum.
Não tinha mulher como tem hoje”. O que pode chocar a nação é o fato de Bolsonaro colocar, no mesmo plano a galinha, a bezerrinha, a jumentinha e as mulheres de sua cidade. Por esse motivo, ao chegar ao Planalto, criou um escalão de poder inclassificável, chefiado pela tal galinha carijó; um faz tudo que pasta o dia inteiro; uma jumentinha que o aconselha como enfrentar as 24 hs de crise, psicopatia galopante, que enfrenta todos os dias. Encontramos, em uma de suas gavetas, um poema: “Noite linda, noite sem mistérios./ Minha carijó de sentimentos rasos e penetrantes./ Bezerrinha, paixão edipiana./ Jumentinha, sentimento e descalabro!/ É isso, ai!”
Em 2011, um tempo que está próximo, deu uma entrevista recheada do seu olhar de maníaco e mestre: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita (como presidente da república é meu dever consagrado explicar o significado de hipocrisia, isto é, é o uso de mascaras no rosto para disfarçar quem realmente somos) aqui nesta entrevista. Eu tenho duas vistas, a de cima, que não consegue ver nada, e a de baixo, da calça, que vê a minha carijó. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com bigodinho por ai.” Fiz um poema para isso: “Luz do sol, filho meu!/ de bombacha, revolver e punhal./ Halterofilista do passeio público./ Filho feito de chocolate./ Filho favorito das rachadinhas./ Não o quero venerado, presado, dileto, homossexual, nunca!”
“Eu tive uma educação de alto nível. Estudei todas as obras de Leonardo Da Vince, o pintor e o arquiteto que projetou a Marques de Sapucaí. Por esse motivo, e não por outro tenho um imenso respeito aos senadores e deputados federais. Numa gravação apresentada por Jorge Kajurú, de Goiás, o nosso presidente se dirige ao senador Randolff Rodrigues usando os seguintes termos: “Dai vou ter que sair na porrada com um bosta desses”, em 12 de abril na CPI da Covid. O que nos impressiona nesse belo depoimento auditivo, foi o fato de Bolsonaro explicar a palavra bosta. Não se assustem, quem criou a palavra foi o nosso pai Adão, quando Deus lhe ordenou: “De nome a todas as coisas do paraíso.” No latim, séculos depois, Nero visitou a cidade de Erda, em Roma, cidade desgastadamente suja. Nos arredores da cidade havia a estação de Mer…, ou Bos…, um espaço destinado a fazendas e currais.
“Toda fazenda tem curral, o curral tem bois, os bois estão sempre bostando em todos os cantos”. O nosso presidente, por esse motivo alega que não ofendeu o senador Randolff, apenas o chamou de fazendeiro. Na praça de Deliramento, ao norte do princípio do Rio Amazonas, sem máscara, sem álcool, mas com o braço picado por 4 doses de vacina, Bolsonaro falou: “Vou só dar um recado aqui: alguns querem que eu decrete Lockdown. É uma palavra inglesa que significa confinamento. Não vou decretar. E pode ter certeza de uma coisa: o meu exército não vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa.” Essas palavras foram ditas em 8 de março, aos seus apoiadores, homens e mulheres desatinados, entupidos de camarões, sem mastigação. Presidente que vive a presidência não manda recados. O exército não é posse de ninguém, pertence à nação, ao território nacional. Esse mesmo exército, paixão de sua vida, o prendeu, julgou, condenou, mas o ministro Leonidas da Silva não resistiu à visão de um prisioneiro encolhido em sua cela. Mandou soltá-lo.
Em Uberlândia, onde levou 2 hs para descobrir que estava em Minas, pronunciou uns sons que lhe saíram da boca: “Tem idiota que a gente vê nas mídias sociais, na imprensa, né?…Vai comprar vacina, só se for na casa da sua mãe.” Ele, sua excelência, achou que seu pensamento, neste caso, foi um surto poético. O emprego do termo idiota foi dito na frente de um espelhinho de bolso, onde ajeitara os cabelos à moda “Celestina; a imprensa, órgão que consegue bater trinta foto do presidente para aproveitar apenas uma, as demais apresentam uma sombra do seu lado, um senhor chamado Bispo que, na infância, perdeu a bezerrinha para Bolsonaro. O local de compra da vacina mantem-se oculto, pode ser na casa do presidente, dos ministros, dos generais, da Rita Sorocobana, um caso do poeta Castro Alves, no tempo que o Brasil era Brasil, e não um protótipo da iniquidade.”
Na inauguração de um trecho da BR-222, em Tinguá (CE), em 26 de janeiro disse: “Eu sou imbroxável .” Neste instante ele apresentou ao povo esfomeado, desempregado, tristinho, uma medalha com sua foto, bem no meio. Escrito em palavras sem cor “Sou imbroxável! Imorrível! Incomível, pô!” Depois desse lindo pensamento, o povo não sabe se vai pelo lado direito, pelo lado esquerdo, pelo meio. Todos estão perdidos!
Prof. Carlos Roberto Rodrigues