Hoje, um dia após o aniversário de Nossa Senhora Aparecida, acordei feliz e contente. A razão dessa alegria é simples, o presidente Jair Bolsonaro esteve na Basílica da Padroeira. Participou da missa das 14:00 h, fazendo a primeira leitura do ritual sagrado. O motivo da minha contenteza é mágico, descobri que o presidente do Brasil sabe ler; gaguejou um pouco, manteve a expressão de quem não alcança um nível bom de saúde mental, não se afastou do seu rosto, do seu olhar, dos seus gestos de pessoas que não foram lapidadas por Deus. Outro fato que me marcou foi a pergunta que o presidente fez no ouvido do sacerdote celebrante. Vamos por parte, pois os questionamentos foram sérios e significativos. Primeiramente o presidente queria saber quem era Ester, a personagem central do fragmento bíblico que lhe atribuíram para leitura; ele quis saber se ela participava de algum partido político; se ela mantinha alguma relação com o Lula.
A segunda pergunta mais intelectual, era se fora Ester a criadora da Urna Eletrônica.
Adorei a frase do presidente a uma entrevista a uma rádio local. Ele disse, usando as palavras que aprendeu no primário, que não tomará a vacina. Ele disse que está vendo novos estudos. Disse também que a imunização dele está lá em cima.
Eu fiquei entusiasmado com sua afirmação de que não tomará a vacina. Decisão de macho, de arrojado, arruaceiro, bamba, mulo, besta, burro, forte, robusto, vigoroso, valentão. A riqueza da língua portuguesa nascida no Lácio oferece-me infinitos significados para enquadrar o machismo presidencial. Basta somente escolher a palavra mais próxima do homem que se diz ser o mais lindo do Brasil.
Completando a sua fala, Bolsonaro afirma que a imunização dele está lá em cima. O que se destaca nessa afirmação é que ele está imunizado. Procurando centrar as palavras pronunciadas pela ciência, rastreando as notificações científicas, a vacina é o melhor imunizante que temos. Portanto, “lá em cima”, deve haver um lugar, um espaço, um paraíso, um pedaço destacado do céu aplicando vacina. Os anjos, citados em inúmeras pesquisas não são enfermeiros; Serafins não podem vacinar devido as suas estruturas físicas, pensando dessa forma e vasculhando a possível verdade, quem vacinou o nosso presidente só pode ter sido Deus em pessoa.
Nunca ouvi um pensamento tão penetrante, tão devastador como este, escrito abaixo, que saiu da boca do presidente; “Antes de, há um punhado de tempo, somente os marginais, os bandidos é que tinham arma de fogo no Brasil”. Vamos entrar na cabeça do presidente, com muito cuidado, para não danificar o resto que existe, e vamos verificar o significado da frase: o Brasil todo estando armado, não haverá mais distinção entre homens citados como modelo social, dos bandidos, marginais, corruptos, seremos um só povo, uma só nação formada por brasididos; até o Sr. Presidente aqui se encaixa corretamente.
Na Bíblia que o presidente lê e cita, em Lucas há uma passagem segundo o presidente, que Lucas diz: ”O que não tem espada, venda a sua capa e compre uma espada”. O presidente não leu o contexto, o momento histórico, a posição de Judas e do povo. Por esse motivo Bolsonaro está soletrando uma lei, pois ele não escreve, soletra, que passará pela Assembleia em breve, cujo artigo básico: “As igrejas cristãs brasileiras, templos do Deus vivo, ao representarem a eucaristia, substituirão o pão ou a hóstia, por fuzil, granada, metralhadora, revolver, míssel, canhão, bomba nuclear e, logo depois do ritual batam os sinos chamando homens, mulheres, crianças, jovens, para saírem as ruas fazendo o que a Revolução de 64 não o fez.
Dentro da igreja o cardeal celebrante pede a Deus, uma pátria sem ódio, sem arma, sem mentira, sem fake News, sem corrupção.
Esse dia da Padroeira ficará na história do Brasil, do Vale do Paraíba, de São Paulo, do mundo. Havia uma Basílica, milhares de peregrinos agradecendo o apoio recebido da Santa, romeiros distribuindo amor, amizade, fé, saudade e, com o coração exposto, aproximando-se da mãe e Jesus.
Olhando por outro ângulo, nunca o Brasil viu um presidente tão encolhido, tão assustado; engajado nos tempos que fora um feto desprotegido, nadando em águas destinadas a mantê-lo vivo, ligado a um cordão umbilical carregado de alimento, medo, temor, fraqueza.
Ao entardecer, movimento de ônibus, um jornalista entrevistou um vírus da Covid 19, a respeito do nosso presidente. O representante do Covid 19 respondeu da seguinte forma: “Ninguém quer o presidente. Carne ruim, sangue ruim, pensamento horrível, ideias amargas, e sem uma lasquinha de cérebro, nem um gostinho temperado, tudo no homem é vazio e sem sentido”.
Prof. Carlos Roberto Rodrigues – é professor de Literatura