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sexta-feira 15 novembro 2024
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Leitura de Taubaté – A trepadeira de Bolsonaro

Gastão sempre foi excelente aluno do curso de agronomia. Destacou-se nas provas, nas participações de trabalhos em equipe, e na divulgação do curso nas redes sociais.

Há uns anos, viajando pelo Amazonas, apaixonou-se pela trepadeira, uma espécie que germina no solo, não há comprovação científica de que possa ser gerada em outro ambiente. O fato mais pitoresco da espécie, é que necessita de um suporte para viver, manter-se ereta. A trepadeira vive em luta com a árvore-suporte, disputando luz, água, calor, frio, chegando a destruir a sua maternidade de adoção.

A trepadeira, desde o nascimento, mente vergonhosamente para conseguir uma mãe adotiva; mente para floresta, tentando parecer uma espécie capaz, honesta, bondosa, bonitona, atleta; mente para as outras espécies, na sua busca pela sobrevivência e poder total. Agora, com a tecnologia, usa a ponta do rabo penetrada no chão, para enviar Fake News a todas as espécies viventes no território brasileiro.

Os índios carajás acreditam que a trepadeira cura gripes, resfriados, bronquite, tosse e, batida no liquidificador com sêmen de jumento, torna-se afrodisíaco. Essa batida de trepadeira precisa passar pela pia batismal, recebendo o nome de Cloroquina, um combatente de qualquer vírus que se meta na sua vida.

A atividade “enrabadora” da trepadeira, ainda não foi testada nos laboratórios de nome, mas a sua tara é famosa na floresta. Ela dividiu a grande selva em departamentos de apoio, de acordo com o sabor sexual, da seguinte maneira: Assembleia das Uvas, Senado dos Maracujás, Supremo Tribunal dos Chuchus, Ministério dos legumes e, assim, até correr todos os estágios dos poderes constituídos.

Voltando ao início do texto, quando nos referimos ao excelente aluno de agronomia chamado Gastão, gostaríamos de oferecer uma notícia alegre e outra triste sobre esse estudante fabuloso. A notícia boa é que ele defendeu sua tese de doutoramento, numa das melhores universidades europeias: “A escalada da trepadeira à Presidência da República do Brasil: seus efeitos nocivos são a dejeção Bolsonaro”. A notícia negativa é que Gastão deu de beber, tornou-se um consumidor respeitável de álcool em todas as suas formas e cores.

Andando sempre meio bêbado, passou a frequentar diariamente o Palácio da Alvorada, em busca de provas concretas, reais, visíveis que sustentem o seu trabalho acadêmico.

Na quinta-feira, dia 12 de dezembro, aconteceu o evento para o lançamento do programa “Comida no prato”, um projeto da primeira dama Michele Bolsonaro. Vestidos longos, maquiagem pesada e leve, ternos de todas as cores, gravatas de formato oficial, clássico, maluco-beleza. O Presidente com seu sorriso aloprado, olhar profundo e de piração exposta ocupou a tribuna.

Tossiu para dentro de si mesmo; respirou engolindo a ventilação do espaço, e iniciou o seu discurso: “Bom dia senhores presentes, aos ministros, juízes, jornalistas, deputados e senadores. Esse meu bom dia não inclui a primeira dama Michele Bolsonaro, para ela eu já dei um bom dia muito especial, na cama. Acredite se quiser”. O silêncio andou, passo a passo, todos os cantos do salão. No meio dos assistentes, uma meia dúzia deixou escapar uma risada tímida, maliciosa, de puxa-saco; uma andorinha, dona de um ninho, na terceira pilastra da esquerda, fez coco nos filhotes.

Gastão, alterado pelo excesso de bebida, abriu sua velha pasta de couro, retirou um caderno de duzentas folhas, colocou nos seus joelhos e delirando, começou anotar a suas observações sobre o evento.
As anotações de Gastão começam assim: “Toda trepadeira originária do seu meio botânico, não tem graça, não sabe fazer nem contar piada, mas tem cara de clown. A árvore onde a trepadeira Bolsonaro aderiu chama-se Palácio do Planalto, dali os seus cipós vão tragando pessoas, os profissionais usados por ele vão sendo descartados à medida que sua incapacidade nata aparece a luz do dia, são jogados fora como bita de cigarro. As suas ações transformam-se em piada durante o dia e a noite, assim, de maneira inacreditável, a sua administração que matou 615 mil pessoas, a devastação da Amazônia, do São Francisco, dos indígenas são motivo para o riso e a comédia. A inflação, o desemprego, a fome, a violência, a crise energética, o preço do combustível, o fechamento de centros de pesquisa, são elementos que o estimulam, que despertam o seu apetite sexual e lhe dão condições emocionais para entrelaçar-se com a primeira dama, ao despertar de um cômico novo dia”.

O Brasil, país que nasceu para ter futuro, encolhe-se dentro do seu destino, ou seja, talvez tenha nascido para se apenas passado e brincadeira de motoqueiros.

Prof. Carlos Roberto Rodrigues – é professor de Literatura