A pandemia de Covid-19 fez nascer uma série de iniciativas solidárias, criadas para recolher doações àqueles que mais sofrem com a nova realidade. No Google, a busca pelo termo como ajudar bateu recordes de pesquisa no Brasil e no mundo. Neste mês, em que se celebra o Junho Vermelho, movimento de incentivo à doação de sangue, a CAASP quer mobilizar a advocacia para esse ato que salva vidas. Para participar, basta se dirigir a um dos hemocentros , munido de um documento de identidade com foto.
“Campanhas como esta são importantes, mas é primordial, que independentemente delas, as pessoas tenham sensibilidade para ações sociais e cívicas desse tipo ao longo de todo o ano”, afirma Dante Langhi, médico hematologista e presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). O mês da doação de sangue surgiu de uma iniciativa de doadores de São Paulo, que criaram o projeto “Eu Dou Sangue”. O intuito era amenizar a queda nos estoques a partir de junho, em razão das baixas temperaturas e da temporada de provas e férias escolares, situação agravada, neste ano, pela pandemia de Covid-19. Desde que o coronavírus chegou ao país, os hemocentros vêm registrando queda nas doações.
“Uma doação de sangue pode ser fracionada em três tipos de hemocomponentes, portanto temos a possibilidade de usar o material no tratamento de três pacientes distintos: aqueles com necessidade de hemácias, de plaquetas e de proteínas do plasma”, explica Langhi, salientando que, nos tratamentos médicos, não há um substituto para o sangue humano.
O procedimento para doação é simples. O doador passa inicialmente por uma identificação pessoal, seguida de uma triagem clínica, em que deve prestar informações gerais sobre seu quadro de saúde, hábitos alimentares, histórico de doenças e uso de medicamentos. A coleta em si dura cerca de 15 minutos, mas a duração total do o procedimento depende do fluxo do dia na unidade de saúde onde está sendo feita a doação.
O presidente da ABHH atesta que, embora a preocupação dos doadores com a transmissão da Covid-19 seja compreensível, o ato de doar sangue não aumenta o risco de contaminação pelo coronavírus quando cumpridos todos os protocolos de segurança.
Dante Langhi cita ainda o preparo dos centros de coleta para evitar a transmissão nos locais. “Muitos hemocentros adotaram o sistema de agendamento para evitar aglomerações de doadores. Portanto, é recomendando que aqueles que se sentirem tocados a participar dessa iniciativa façam uso do recurso de agendamento para garantir sua segurança e também a dos profissionais de saúde”, adverte.
Recomenda-se a quem for um hemocentro o uso de máscara de proteção, lavar as mãos ou usar álcool em gel ao entrar e ao sair do local e manter distância mínima de dois metros das outras pessoas, evitando apertos de mãos e abraços.
Quem deseja participar da ação voluntária precisa cumprir alguns requisitos: ter entre 16 e 69 anos, estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação, não fumar nas duas horas antes do ato, pesar mais de 50kg e não estar em jejum.
Não são aceitas como doadoras pessoas resfriadas ou que tenham tido febre nos últimos sete dias, grávidas ou parturientes, que tenham feito tatuagem nos últimos 12 meses, que mantiveram relação sexual com pesssoas desconhecidas ou com parceiros ocasionais no último ano, portadores de vírus HIV e outras IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis), indivíduos que contraíram hepatite após os 11 anos de idade, malária ou que visitaram área de risco dessa doença há menos de 12 meses, e pessoas que sejam ou tenham sido usuários de drogas injetáveis, usuários de cocaína por via nasal ou consumidores de crack.
O hematologista Dante Langhi ressalta ainda que candidatos que apresentaram infecção pelo Covid-19 estão aptos à doação 30 dias após desaparecidos todos os sintomas da doença. Aqueles que tiveram contato direito com casos suspeitos ou confirmados de contaminação devem aguardar 14 dias para realizar a doação de sangue.