Em 9 anos, Hospital registrou aumento de quase 95% nos atendimentos de pacientes do sexo feminino com a doença
No dia 27 de julho é celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. A campanha visa chamar a atenção para a prevenção e tratamento de tumores que atingem regiões como boca, língua, gengivas, faringe, laringe, esôfago e tireoide.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o câncer de boca, laringe e demais regiões são hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata. Já o câncer da tireoide, o mais comum da região da cabeça e pescoço, afeta três vezes mais as mulheres e chama a atenção pelo aumento no número de casos nos últimos anos.
Entre janeiro e maio de 2019, o Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté, realizou 449 atendimentos ligados ao tumor de tireoide. Já em 2010, o registro foi de 224 atendimentos no mesmo período. Considerado o volume de consultas ligadas a pacientes do sexo feminino, o número passou de 187 para 363 em 9 anos, resultando em um aumento de 94,11% dos casos.
Para o cirurgião especialista em Cabeça e Pescoço do Hospital Regional, Dr. Caio Soubhia Nunes, os números são preocupantes. “Nesses últimos anos esse tipo de tumor maligno evoluiu no ranking do 15º para 5º tipo de câncer que mais atinge mulheres. Então ele foi o tumor que teve o maior crescimento em relação a todos os outros. Infelizmente, ainda não existe uma explicação para isso. Estudiosos ainda tentam entender os fatores que levam à incidência da doença principalmente em mulheres”, explica.
O tumor de tireoide tem ótimas chances de cura, desde que seja diagnosticado de forma precoce e receba acompanhamento médico adequado. Porém, atualmente, a descoberta tardia acontece em boa parte dos casos. Para o especialista, a ausência de sintomas pode ser um dos responsáveis.
“Uma das teorias que explicaria índices tão altos da doença seria o aumento de pessoas que vêm realizando ultrassonografias da tireoide. Mas esses números não batem, caso contrário, não teríamos tantos diagnósticos tardios”, conclui.
O tumor maligno de tireoide pode não apresentar sintomas clínicos visíveis em estágios iniciais e, geralmente, é detectado apenas em ultrassonografias. O tratamento para esse tipo de câncer depende do tipo e do estágio da doença, mas envolve, necessariamente, a cirurgia. Nela, é retirada a glândula e todos os nódulos considerados anormais.