Os Símbolos
Realizar uma experiência religiosa na trilha sensível do Santuário Nacional de Aparecida exigirá silêncio, percepção e abertura mental para ir além do trivial. Ainda estamos diante das imagens dos apóstolos, guardiões da Casa Mariana, mercurianos revelados pelo poder solar. Se você perdeu alguma informação sobre a experiência religiosa proposta nesta coluna acesse: www.diariodetaubateregiao.com.br e fique por dentro dos primeiros passos.
No projeto inicial das imagens dos apóstolos, os objetos que acompanham a composição de cada obra foram colocados para declarar a forma de martírio de cada um ou para compor indicativos de qualidades pessoais. Mas em um sentido coletivo podem revelar muito mais que isso.
Não são apenas os objetos que estão indicando significados particulares e universais. A postura física, as expressões faciais, as roupas e até mesmo a posição de cada um deles no semicírculo das colunas, não são escolhas aleatórias. O sorriso de Judas Tadeu, o olhar de Felipe para um dragão e a cruz de André em forma de x com uma madeira não talhada dizem muito mais.
Aqui cabe o comentário de W.Y. Evans Wents, organizador de “O Livro Tibetano dos Mortos”, sobre a diversidade e profundidade dos símbolos também presentes na questão dos mercurianos:
“O carneiro, o dragão (ou a serpente), o pombo sobre o altar, o triângulo dentro do qual se encontra o olho que tudo vê (como também na Franco-Maçonaria), o símbolo do peixe sagrado, o fogo eterno ou a imagem do Sol nascente do receptáculo para a hóstia consagrada no ritual da missa católica, os símbolos arquitetônicos e a orientação das igrejas e catedrais, a própria cruz e até mesmo as cores e motivos das vestes do padre, do bispo e do papa, são alguns dos testemunhos silenciosos da sobrevivência, nas modernas igrejas cristãs, dos simbolismo pagão. Mas a chave para a interpretação dos significado interior de quase todos esses símbolos cristianizados foi inconscientemente jogada fora: clérigos não iniciados, reunidos em concílios ávidos de heresia, considerando o Cristianismo primitivo, tão profundamente envolto de simbolismo, chamado gnosticismo, como ‘ imagística oriental desvairada’, repudiaram-no como ‘ herético’, enquanto, ‘de seu próprio ponto de vista, ele era simplesmente esotérico’.”
Derivada do grego antigo symballein (que significa agregar), a palavra símbolo também indica a reunião de conceitos, interpretações capazes de comunicar ao mundo interior de todos nós, o que está representado no mundo exterior. A imagem de cada apóstolo possui uma iconografia particular, que convida cada um de nós a um momento de meditação e introspecção.
Como disse na edição passada, inicie sua observação a partir da capela do batismo. Esteja sempre em silêncio. Esta etapa da vivência deve ser realizada observando os pormenores. É provável que você não tenha realizado esta prática desta maneira. Leve um guarda-chuva, caso chova ou faça sol e tenha água para beber.
É possível dividir esta jornada em dois conjuntos: de Simão a Pedro (da capela do batismo até o meio da arcada) e, depois, de Paulo a Tiago Maior (até a capela da ressureição). Perceba que até agora não estamos na parte interna do Santuário. Ainda na praça que simboliza nosso mundo cotidiano, o desenvolvimento de nossa jornada terrena está bem diante dos nossos olhos, apresentado por cada um destes homens comuns, iluminados pelo Cristo, transformados em uma vida mesmo sem muitos recursos.
Hoje reclamamos com facilidade. Transporte-se um pouco para aquela época. Apedrejamentos, crucificações, pessoas lançadas aos leões por professarem sua fé em Jesus…
Esta meditação é válida como parte de sua experiência religiosa. Precisamos colocar nossos corações em Deus. Nesta praça temos tanto a aprender, assimilar e, quem sabe, deixar do lado de fora da Casa de Maria tantas de nossas reclamações, serenando nossa alma e entendendo que Deus sabe exatamente do que precisamos neste presente divino chamado Vida!
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