Meio a um mercado cada vez mais exigente da atual Hollywood, em que os filmes contam com orçamentos inflados e grandes astros no elenco, estabelecer uma franquia de menor expressão que foca no simples da ação, como nos anos 90, apostando só no protagonista e seus grandes feitos, se mantendo em uma escala menos multimilionária da indústria, é uma tarefa que vem ficando escassa. Nesse exato contexto se encaixa a agora trilogia invasão, como chamada no Brasil.
De volta ao papel principal, Gerard Butler, mais velho, não esconde os sinais da idade e deixa isso tomar conta de seu personagem por meio do roteiro. Cansado e cheio de dores, o agente secreto já não é mais o mesmo e ensaia sua aposentadoria, enquanto sai para mais uma missão simples de proteção ao dia de folga do presidente. Com um ataque orquestrado para incriminar o protagonista, desenvolve-se a história do herói que precisa provar sua inocência para todos enquanto descobre quem foi o traidor que o colocou naquela situação.
Se essa sinopse parece familiar é porque realmente podem haver outras dezenas de filmes com a mesma premissa. E é exatamente nesse quesito que Invasão ao Serviço Secreto tem seu ponto mais fraco. O roteiro de espionagem, traição e reviravolta é tão fraco que seria até injusto dizer que é previsível, visto que mal apresenta algum tipo de mistério a ser desvendado. Toda a história se baseia em um lugar tão comum daquele estabelecido pelo gênero que se torna um exemplo perfeito para o uso da palavra genérico. Não sobra nem espaço para um desenvolvimento adequado dos coadjuvantes, que são unidimensionais e rasos, servindo com propósito claro na trama e deixados de lado quando suas utilidades terminam.
Já que não podemos contar com inovações quando se trata do que nos é contado, pelo menos temos que nos satisfazer em outros assuntos em relação ao longa. A aposta é, claro, na ação. Apesar de também contar com alguns efeitos visuais bem datados e perceptíveis, na maior parte do tempo em que se propõe a correria, perseguições e tiroteios, o filme alcança de forma satisfatória o objetivo de entreter o público e conta com boas cenas que conseguem manter nossa atenção. É uma maneira de seguir a fórmula que deu certo em seus predecessores e agradar o nicho que conquistou ao longo da franquia.
O diretor Ric Roman Waugh demonstra boa noção da ação em cena, porém utiliza demais do artifício da câmera trêmula, inclusive em momentos de respiro, onde a técnica poderia dar um descanso aos olhos dos espectadores.
Voltado claramente para a parcela do público que se sente órfã das tradicionais tramas tiroteios para salvar o presidente dos EUA e, no processo, o mundo todo, Invasão ao Serviço Secreto (Angel Has Fallen, no original) demonstra o desgaste da franquia e, embora deixe possibilidade de continuação, parece ter esgotado suas possibilidades.