Com outras entidades, presidente do Instituto apresenta reivindicações e pede postura em carta enviada ao governador João Doria
O Instituto de Engenharia (IE), entidade centenária que atua pela profissão no Brasil, encabeça uma lista de entidades que cobra ações para a requalificação da Estrada de Ferro Campos do Jordão. O espaço, representante da história paulista, sofre com o vandalismo.
O presidente do IE, Paulo Ferreira, enviou carta ao governador João Doria apresentando fatos que corroboram a atual situação do local.
O documento lembra que, em 2017, ocorreu o início do processo de privatização do Parque Capivari, integrante do patrimônio da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
O local conta com teleférico, pedalinhos e dezenas de quiosques. A exploração desses espaços ajudava a formar a receita da ferrovia e colaborava no custeio.
Ainda, acrescenta a carta, todos os colaboradores com cargos comissionados, em postos de liderança, foram exonerados em 2018. Tal medida deixou a operadora sem figuras de coordenação, causando casos de faltas injustificadas, paralisação ou atraso de serviços e até manutenções corretivas, pondo em risco a operação do sistema.
Com a pandemia, os funcionários ficaram em casa. Na ausência de chefia, é impossível saber se há trabalho remoto, ou conferir metas a cumprir.
E com o fim da obrigatoriedade de trabalho remoto, a maior parte dos funcionários não retornou aos seus postos de trabalho.
Falta de segurança
O documento também mostra que, desde 2017, o trecho de serra da ferrovia está inoperante problemas de segurança. Até agora, nenhuma obra de recuperação foi feita, privando os turistas de conhecerem esse belo percurso. A paralisação, sem dúvida, impacta nas receitas, afinal as passagens para esse trecho deixaram de ser vendidas ao longo desses anos.
Furtos no sistema
No final do primeiro semestre de 2021 foi furtada toda a catenária (rede aérea eletrificada que alimenta os trens), no trecho entre Pindamonhangaba e Piracuama (cerca de 20km).
Em agosto, nova ação criminosa. Desta vez o alvo foi o trecho entre Piracuama e Eugênio Lefévre (Santo Antônio do Pinhal), onde fica a subestação de energia. Também foram levados desta vez os postes da rede aérea, que ficam em locais de difícil acesso.
Isso leva a crer que esse crime foi obra de quem conhece bem a região e os acessos à faixa da ferrovia. Também foram furtados todos os trilhos e dormentes de reposição, bem como uma ponte metálica de reserva, que ficava no depósito junto à parada São Judas.
Todos esses fatos ocorreram sob absoluta inércia da direção e dos funcionários da ferrovia.
Patrimônio destruído
Assim, se desmancha a ferrovia de maior significado histórico, arquitetônico, cultural e social do estado de São Paulo. E isso ocorre por omissão das políticas públicas e pela ação de bandidos que não medem esforços.
Isso compromete a infraestrutura ferroviária que servia à população da região e que vinha ganhando espaço no turismo e trazendo receita aos municípios em que operava, sepultando importante investimento e esforço do passado.
Na carta entregue ao governador João Doria, o Instituto de Engenharia coloca-se à disposição para colaborar com a revitalização da Estrada de Ferro Campos do Jordão, e defender a história da cultura e da engenharia do Estado de São Paulo.
União de esforços
Além do Instituto de Engenharia, subscrevem o documento outras seis entidades: Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), Asociacón Latinoamericana de Ferrocarriles (ALAF), Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), e Associação Nacional de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).