Quase onze horas da noite e os olhos começam a ficar pesados e o perceptível cansaço nas pernas indicam que está chegando a hora de se recolher; deitar e dormir. Momento maravilhoso e necessário pra todo mundo. O corpo dá seus sinais, o cérebro compreende e o natural ato de deitar e dormir é iminente.
Escovo os dentes, tomo uma ducha morna e relaxante, preparo a cama com um limpo e cheiroso lençol branco. Os travesseiros macios (eu adoro dormir com dois travesseiros) com fronhas cheirando a limpeza.
Vou até a cozinha e tomo aquele copo de água gelada que refresca tudo e volto para o quarto.
Porta do quarto fechada, janela fechada, silêncio quebrado somente pelo leve zumbido do ventilador que, além de embalar o sono, ainda refresca o ambiente. Tudo perfeito pra dormir, silêncio, escuridão cama macia com os lençóis e fronhas limpos e cheirosos.
Eu me deito e me preparo para fazer uma das mais simples funções do ser humano, dormir. Afinal é só fechar os olhos, relaxar corpo e cérebro e…dormir. Só isso.
Fechei os olhos, relaxei o corpo e…lembrei que tenho que pagar uma conta no dia seguinte. Onde será que coloquei o boleto? Bom, deve estar na gaveta da cômoda.
Mudo de posição e lembro de uma conversa no serviço. Mas, que coisa boba para pensar agora. E o boleto? Será que está na cômoda mesmo?
Viro novamente e me pego pensando no que tenho que fazer no serviço no dia seguinte e aquilo não me sai da cabeça. Fico de lado e percebo que meus olhos estão abertos encarando a escuridão.
Lembro que antes de deitar não fui ao banheiro, então levanto e vou fazer aquele xixi.
Volto e deito. E o boleto?
Os olhos estão abertos olhando para o escuro do quarto, mudo de posição, espero alguns segundos e levanto novamente para tomar mais um copo de água.
Deito novamente e, para minha surpresa, percebo que o sono foi embora, como é possível?
Viro do outro lado e olho as horas no luminoso do rádio relógio, meia noite e vinte.
Fecho os olhos e abro de novo e o luminoso está ali, gritando as horas pra mim. Viro as costas pra ele e começo a pensar no que aconteceu no dia de ontem no serviço.
Será que o boleto está mesmo na gaveta da cômoda?
Irritado, levanto, acendo a luz e vou olhar a gaveta da cômoda e o maldito boleto está lá.
Apago a luz, sento na cama, levanto, acendo a luz e, puto da vida, vou ver se tranquei a porta da sala.
Volto para cama. A escuridão está de volta e me lembro tudo o que aconteceu no serviço na semana passada.
Viro pra lá, viro pra cá e o sono foi embora. Como é possível?
Olho para o luminoso e são duas da manhã.
Quero dormir. Está fazendo muito barulho, então, desligo o ventilador. Está calor, ligo o ventilador de novo. Viro de lado, viro de bruços, fico com a barriga pra cima, viro para o outro lado e a hora grita na minha frente, três horas da manhã, não sei o que fazer e me desespero. Não consigo dormir e penso em todos que dormem tranquilamente naquela madrugada.
Maldita insônia.
De repente o celular dispara. É hora de acordar…e eu nem dormi.
Eita insônia! Parece que nessa cidade inteira só eu não consigo dormir.
Eita insônia!
Insônia
fev 21, 2019Bruno FonsecaCrônicas e Contos do EscritorComentários desativados em InsôniaLike
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