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sábado 30 novembro 2024
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Inferno, Purgatório e Arrependimento

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
Que diz o Espiritismo a respeito do purgatório e do inferno?
Contrariamente ao que muitos pensam, o Espiritismo não nega o purgatório; antes, pelo contrário, demonstra sua necessidade e justiça, e vai mesmo além: ele o define. O purgatório seria o próprio planeta, onde expiamos os erros do passado e nos depuramos, graças às existências sucessivas que o Criador nos concede.
Quanto ao inferno, ensina o Espiritismo que ele não tem existência real. O inferno não é um lugar, mas, sim, um estado de espírito, expressão utilizada há algum tempo pelo próprio papa João Paulo II.
Com efeito, o inferno foi descrito como uma imensa fornalha, mas será assim também compreendido pela alta teologia? Evidentemente que não. Ela diz muito bem que isto é uma simples figura, que o fogo que ali se consome é um fogo moral, símbolo das dores mais intensas e cruciantes.
Podemos dizer o mesmo com relação à eternidade das penas. Se fosse possível pôr-se a votos tal questão, para se conhecer a opinião íntima de todos os homens que raciocinam e se acham no caso de compreendê-la, mesmo entre os mais religiosos, ver-se-ia para que lado pende a maioria, porque a ideia de uma eternidade de suplícios é a negação da infinita misericórdia de Deus e não tem suporte nos ensinamentos do Cristo.
Ensina a Doutrina Espírita a tal respeito:
A duração do castigo é subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige, para pôr um fim aos sofrimentos, é o arrependimento, a expiação e a reparação; em uma palavra, um melhoramento sério e efetivo, uma volta sincera ao bem.
O Espírito é, assim, o árbitro de sua própria sorte; sua pertinácia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforços para fazer o bem os minoram ou abreviam.
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Qual é para os espíritas o valor do arrependimento e em que momento ele precisa ocorrer para ter validade?
O arrependimento é fundamental para a renovação do ser humano que se tenha desviado do caminho do bem.
Não existe um momento para que ele tenha maior ou menor validade. Assim, tanto faz que o indivíduo se arrependa dos erros cometidos enquanto está encarnado ou após a sua desencarnação. Sabemos, com base em relatos feitos pelos próprios Espíritos, que a desencarnação é muitas vezes o aguilhão que leva a pessoa a arrepender-se, o que não é difícil de compreender.
Imaginemos uma pessoa que se enriqueceu à custa do erário, que falsificou, que fraudou, que enganou…. Quando retorna ao plano espiritual, onde a riqueza e a posição social não têm valor algum, é comum que essa pessoa tenha remorsos e esses remorsos poderão levá-la a arrepender-se sinceramente dos erros cometidos.
O Espiritismo ensina, porém, que o arrependimento – embora importantíssimo – não basta por si mesmo. É preciso acrescentar a ele a expiação e a reparação, o que leva muitos Espíritos a pedir a oportunidade de passarem pelos mesmos sofrimentos que causaram a outrem (expiação), além da necessária reparação com que devolvem às suas vítimas aquilo que porventura lhes hajam tomado.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, os elementos essenciais à renovação integral da criatura humana, rumo à meta que Deus assinalou para nós, que é a perfeição, meta essa a que Jesus aludiu quando disse as seguintes palavras: “Vós sois deuses. Sede perfeitos como o Pai celestial é perfeito. Tudo o que faço podereis fazer também e muito mais”.