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quarta-feira 27 novembro 2024
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Herculano Pires e a Política

• Rogério Miguez
Este mês de setembro marca o aniversário de nascimento de três figuras ilustres do movimento espírita brasileiro: em 22/09/1868 nasceu Cairbar Schutel, em 25/09/1914 Herculano Pires e, ao final do mês em 30/09/1891 Leopoldo Machado.
Em função do momento que atravessa o Brasil, escolhemos o segundo, Herculano Pires para lembrá-lo em particular, fazendo menção ao filósofo de Avaré sobre o seu pensamento a propósito do envolvimento do espírita nos quadros políticos.
O momento é grave, louco seria quem não concordasse, entretanto, é papel dos espíritas continuar vivendo com confiança, fé em Jesus, o coordenador no que tange o processo evolutivo de nosso planeta.
Allan Kardec já havia previsto, entre outros, a transição pela qual passaria a mãe Terra, portanto, devemos manter o equilíbrio evitando que ações ou atitudes destoantes em relação ao movimento se espalhem, servindo de exemplo duvidoso aos menos informados sobre o papel exercido pela Doutrina no mundo e em relação ao processo evolutivo da humanidade.
Herculano Pires, em suas obras, foi muito claro, mais objetivo não poderia ter sido ao escrever1:
“A função política do Espiritismo existe, mas noutro sentido. Não lhe cabe nenhum lugar nas disputas de cargos políticos, mas lhe cabe a formação espiritual dos homens para que exerçam, como cidadãos, influência benéfica na solução dos problemas políticos, através do bom-senso e da retidão da consciência, quando levado pelas circunstâncias, chamado ou convocado para funções administrativas em áreas do Estado. O seu esforço para o aperfeiçoamento das estruturas políticas, o seu exemplo de respeito a todos que agem nessa área, o desinteresse puro que demonstrar no exercício de suas funções, sacrificando-se pelo bem público não constituem, nesses casos mistura de interesses materiais com objetivos espirituais. Para bem entendermos isso devemos lembrar que o Cristo nunca exerceu nenhuma função política, nunca pretendeu assumir posições políticas, recusou-se até mesmo nas lutas pela libertação de Israel dominada pelos romanos (questão que os judeus consideravam como sagrada, pois misturavam as coisas do Céu com as Terra), mas apesar de sua total abstinência política conseguiu injetar nas estruturas políticas do Mundo a seiva divina da orientação evangélica. ” (grifo nosso)
E mais à frente na mesma obra:
“No exercício de funções jornalísticas vimos diversos espíritas de nome cercados de esperanças falirem na luta política, desservindo às ideias que desejavam servir. Perderam a parada para si mesmos e saíram da luta mutilados. Por isso entendemos que o espírita só deve entrar na política quando convocado para funções ou posições que não possa recusar, porque então disporá do amparo de sua independência, de seu desinteresse pela carreira e de sua disposição para superar as fascinações traiçoeiras do meio. Quando consegue manter-se nessa rara posição, presta realmente serviços à causa pública a aos ideais, pagando por esse heroísmo o preço de profundas desilusões. ” (grifo nosso)
Estes dois textos foram retirados do livro O Centro Espírita, no capítulo VIII — AS QUESTÕES POLÍTICAS, valendo a pena ser lido na íntegra.
A propósito, a Fundação Maria Virginia e J. Herculano Pires, esta organizando o seguinte evento: “Iª Semana Espirita Maria Virginia e J. Herculano Pires”, que deve se repetir, por alguns anos, sempre iniciando no dia 25/09 de cada ano. Esta primeira semana será realizada nos dias 25/26/27 e 28 de setembro deste ano. Maiores informações obter no site da Fundação:
https://fundacaoherculanopires.com.br/component/content/article/83-blog/501-vem-a%C3%AD-a-1%C2%AA-semana-j-herculano-pires.html?Itemid=435
Referência: 1 ESPELHO, Raimundo. O pensamento de Herculano Pires. 1. Ed. São Bernardo do Campo/SP: Editora Espírita Correio Fraterno, 2014. Verbetes: Política e Políticos Espíritas.