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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Há 110 anos, nascia o ícone Carmen Miranda

A turbulenta vida da (queria-se ou não) embaixatriz da cultura brasileira, eternizada na memória do público internacional
No dia 9 de fevereiro 1909 nascia Maria do Carmo Miranda da Cunha, mais conhecida por Carmem Miranda. Carmen era a pessoa certa no lugar certo. Ela tinha aquele exotismo engraçado e seus méritos eram inegáveis: era uma artista completa – cantava, dançava e atuava. Ela ficou para sempre. Gravou quase 300 músicas e 160 discos e fez parcerias com nomes como Grupo Canhoto, Sylvio Caldas e American Jazz. No cinema, estrelou 20 filmes. Conheça a história do ícone que foi Carmem Miranda.

Em 1930, as rádios brasileiras foram sacudidas por uma voz feminina que cantarolava os versos de Para Você Gostar de Mim (Taí), de Joubert de Carvalho. A dona da voz era Maria do Carmo Miranda da Cunha (1909-1955), uma portuguesa que chegou ao Brasil antes de completar 1 ano de vida.

Carmen Miranda, a Pequena Notável (tinha 1,52 m), é até hoje a artista brasileira mais bem-paga e mais famosa no exterior. Isso é pouco, aliás: na década de 1940, era a cantora, ponto, mais bem paga dos Estados Unidos. Sua fama fez dela uma quase embaixadora brasileira, com a incumbência de levar a imagem do país pelo globo e colaborar em alianças na política internacional.
A artista foi pega no turbilhão da Política de Boa Vizinhança do presidente Franklin Delano Roosevelt. Criado a pedido dele, o Office of the Coordinator of Inter American Affairs, comandado pelo bilionário Nelson Rockfeller, era uma agência de propaganda para orquestrar a produção de empatias recíprocas na área de comunicação e informação.
A ideia era propagar os ideais de democracia, capitalismo e e o American Way, promovendo filmes e cinejornais apresentando os americanos aos vizinhos e os vizinhos aos americanos.
A imersão no cinema deixou marcas profundas em sua carreira. Acusada de se americanizar, Carmen ficou com a imagem estremecida no Brasil. Muitos a consideravam uma mera ferramenta de propaganda. Era foi apontada como “fantoche” de Getúlio Vargas. Ganhou fama de estereotipar os brasileiros de forma ridícula.
“Carmen ajudou muito o país. Ela era famosa e dizia o tempo todo que não era sul-americana, mas brasileira”, afirma Ruy Castro, autor de Carmen.

SILHUETA DE ESTRELA

Os altos e baixos da vida do ícone
Nascida em Portugal, veio ao Brasil ainda bebê – mas sempre se considerou brasileira. Apontada como precursora do Tropicalismo e embaixadora do samba nos EUA, é a única latino-americana a ter a marca das mãos e das plataformas na Calçada da Fama, no Teatro Chinês, de Los Angeles.

Carmen criou as sandálias plataforma de até 20 cm de altura – os sapatos disfarçavam seu 1,52 m. A criatividade da cantora deu origem ainda a balangandãs, roupas estampadas e cheias de badulaques e sua marca registrada: turbantes com apliques de frutas tropicais, como bananas, peras e até rosas.

Em 1933, Carmen assinou um contrato de dois anos com a Rádio Mayrink Veiga. Ela seria a primeira cantora de rádio a ter um contrato e ganharia 2 contos de réis por mês, algo em torno de R$ 1000 – o costume da época era o cachê por apresentação. Em 1936, ela trocou a Mayrink pela Tupi, recebendo 5 contos de réis.
Apesar de seus muitos namorados, foi só quando se casou com o americano David Sebastian, em 1947, que a vida da cantora sofreu uma reviravolta. Segundo biógrafos, a troca de alianças foi o início do declínio de Carmen. Já nos primeiros meses, o casal entraria em crise por causa de ciúme.

No dia 5 de agosto de 1955, depois de um ataque cardíaco fulminante, Carmen foi encontrada morta em sua casa nos EUA. A dependência de barbitúricos, o fumo e o exagero na bebida são apontados como as possíveis causas do problema de saúde que acabaria com sua vida e carreira.