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domingo 22 dezembro 2024
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Gravações do documentário sobre o jornalista João Rural são retomadas em Paraibuna

A equipe de produção do documentário “Retratos – João Rural” retomou no último final de semana as gravações do filme que vai contar a vida e a trajetória profissional do jornalista paraibunense João Evangelista de Faria, com diversas locações, situações e personagens e imagens captadas pelas câmeras, sob a direção do cineasta sérvio Zoran Djordjevic.

Formado pela Escola Nacional de Cinema da Tchecoslováquia, Djordjevic já fez mais de vinte filmes em diversos países, inclusive o Brasil e dentre outras premiações, foi destacado no Festival Iugoslavo de Documentários e Curtas-Metragens (hoje Festival Martovski) e em 2022, seu filme “Muros da Vida” foi a única obra brasileira premiada em Cannes, no Festival Internacional de Cinema Entr’2 Marches.

Convém lembrar que ao longo dos anos, o Marché du Film formou com o Festival de Cannes as duas faces de uma mesma moeda, tornando-se um evento global muito importante para o mundo do cinema.

Financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo, através da Fundação Cultural Benedicto Siqueira e Silva, o filme tem roteiro do produtor, roteirista e diretor, Diogo Gomes dos Santos, com produção do músico paraibunense Eduardo Rennó, da Rio Acima Produções Artísticas, a proponente do projeto, que conta com a parceria do Instituto Chão Caipira, um dos legados do jornalista para Paraibuna e toda a região.

QUEM FOI JOÃO RURAL

Poucos valeparaibanos conheceram tanto sobre o Vale do Paraíba como o jornalista, pesquisador da cultura popular e culinarista paraibunense, João Evangelista de Faria, o João Rural, apelido que ganhou em razão da sua estreita ligação com o universo rural e com a cultura caipira do Vale do Paraíba paulista.

Poucos – ou talvez ninguém – registraram tanto quanto ele, seja em textos, fotos ou vídeos sobre pessoas, relatos, paisagens e a cena regional do Vale e do rio Paraíba do Sul, da nascente, em Areias, à foz, no mar do Rio de Janeiro
Por mais de 40 anos, ele percorreu o asfalto e poeirentas estradinhas de chão para frequentar de casinhas de pau a pique a grandes fazendas históricas e/ou produtoras. Figura conhecida pela sisudez, tinha alma e jeito caipira de ser, era hospitaleiro e gostava de boa conversa, com um estilo de vida quase franciscano.

Fala por si, o seu acervo de mais de 70 mil imagens, em filmes P&B ou coloridos e em vídeos super 8, que estão sendo digitalizados, para ficar em breve totalmente disponíveis no site do Instituto Chão Caipira Malvina Borges de Faria, outra das suas iniciativas, com sede em Paraibuna. O nome homenageia sua mãe, a quem deve suas primeiras inspirações para a culinária. O site está sendo reformulado para manter viva sua mensagem pela cultura, pelo homem e pelo meio ambiente regional.

Nascido em 1951, João Rural faleceu em junho de 2015, depois de uma vida dedicada à defesa, preservação, fortalecimento e divulgação da cultura caipira. Em 40 anos de pesquisa, reuniu um acervo de 300 horas de vídeo e filmes 8mm, 70.000 fotos e 7.000 páginas estimadas em livros, jornais e revistas, atuando como fotógrafo, redator, revisor, diretor, editor, produzindo e apresentando programas para a televisão regional. Ele era verdadeiramente um profissional multimídia.

O material reunido por ele traz a história da região do Vale do Paraíba da última metade do século passado até o início do século 21, com um olhar sempre voltado às tradições, expressões culturais, história, culinária, do homem do campo. Ainda teve sempre especial carinho pelo Rio Paraíba do Sul, voltado à sua preservação material e imaterial.

A partir de 2007, ele desenvolveu diversos projetos, alguns deles com apoio da Petrobrás como o Guia Nascentes – retratando todas as cidades do Vale do Paraíba – documentários, livros, um curta-metragem infantil, histórias em quadrinhos, sem contar o muito que ficou inacabado. Todo esse material foi doado por ele em vida ao Instituto Chão Caipira, que agora tem a missão de preservar, publicar e divulgar esse acervo.