Ethos e Topos: dois termos dos mais significativos da tradição greco-romana.
Entre os gregos antigos, a palavra ethos é uma transliteração de dois termos semelhantes: ???? e ????.
Com eta inicial (?) tem a acepção de natureza ou morada dos homens e dos animais. Com (e) épsilon inicial o vocábulo se desdobra para o espaço da formação do comportamento.
Já, topos (t?p??) significa lugar.
Platão, Aristóteles e Cícero são os principais pensadores da Antiguidade a estudar Justiça e as formas de governo.
Para a língua portuguesa, o diálogo socrático de Platão “Politeia”, transliterado do grego ????te?a, foi traduzido por “A República”, termo oriundo de duas palavras latinas res (coisa) e publica.
Escrito em primeira pessoa, o texto de Platão consiste no ensaio mais antigo sobre aprimoramento político e começou a exercer influência desde o início de sua divulgação.
Assim como ocorre em todos os aspectos da cultura grega, ampla difusão é realizada através dos romanos. Marco Túlio Cícero, jurisconsulto romano dedicou parte de sua obra a explorar os textos platônicos. Principal divulgador de Platão, escreveu dois tratados sobre o assunto: De Republica (Sobre República) e De Legibus (Sobre Leis).
Inspirado no modelo de Platão, Cícero descreve uma cidade que seria uma idealização de Roma e universaliza a Teoria Política.
No Período Moderno, Thomas Morus publicou o livro “Utopia” em 1516, obra também inspirada no texto de Platão. Utopia é referência a um lugar inexistente, sobre uma sociedade perfeita.
A partir dessa obra, a palavra “utopia” tornou-se sinônimo de uma sociedade ideal, embora de existência impossível ou afastada.
Ao contrário, no século XX, o escritor George Orwell escreveu dois livros como denúncias ao período da Revolução Russa, quando liderada por Stálin: “A revolução dos bichos” e “1984”. Sob a forma de distopia, sendo o prefixo “dis” privativo (sem), Orwell por oposição e sem mencionar uma palavra, ou seja, descrevendo um lugar fora da realidade, onde conflitos e tensões sociais e de classe são aplacados por meio da violência ou do controle político ou militar, sugere contornos de uma sociedade ideal onde vigorariam a liberdade de pensamento e o apreço ao conhecimento.
Coincidentemente, a valorização da aplicação do conhecimento e da justiça constituem o eixo principal da República de Platão.
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José Alencar Galvão de França