“Nunca houve uma sombra como a desta árvore” – Xerxes
A ópera Xerxes de Handel guarda pouca similaridade com aspectos históricos, mas o compositor adverte logo na abertura: a ponte sobre o Helesponto, estreito de Dardanelos e a dedicação à uma árvore são reais.
Ombra mai fu, em tradução livre “nunca houve uma sombra como esta”, recita Xerxes logo no início da Ópera. A canção humaniza Xerxes, que movido por um espírito de vingança decide levar 100.000 soldados “sob chicote” para invadir Atenas e outras cidades-estados, região que hoje chamamos de Grécia, conforme Heródoto.
Xerxes fez uma ponte com os barcos de sua frota: dispondo-os lado a lado, seu exército não teve dificuldades para atravessar o Estreito de Dardanelos.
Heródoto foi um importante historiador grego da Antiguidade. Foi considerado pelo jurista, pensador e cônsul romano Marco Tulio Cícero, o pai da História. Revelou tesouros históricos como as dinastias egípcias, mitologia grega, várias formas de governo anteriores ao século V.
O ponto mais importante dos nove livros de Heródoto sobre História descreve as guerras medo-persas, ou médicas, como são mais conhecidas. Os medos são um povo que habitava uma região não muito distante de Persépolis, capital do Império Persa. Além das primeiras conquistas dos medo-persas na Grécia, Heródoto chega até a retomada do poder pelos gregos, após a derrota naval em Salamina, a batalha final em Plateia e finalmente, a fuga dos persas. Cumpre lembrar que a invasão persa era recente e Heródoto preservou em seus escritos tudo o que ouvia.
Aliás, Gore Vidal dedica o primeiro capítulo do livro “Criação” a Heródoto, que profere uma palestra no Odeon de Atenas.
De fato, Gore Vidal teve como principal objetivo retroceder a importância da História em 500 anos antes de Cristo, período em que viveu Heródoto. Os capítulos possuem autonomia, mas o autor se preocupou em oferecer um caminho para o labirinto do tema principal e obtém êxito ao oferecer uma nova visão sobre a época estudada, mantendo a unidade da proposta.
Gore Vidal descreve a Revolta Jônica contra os persas em seu romance histórico “Criação”, apresentando eventos sob o ponto de vista persa. Vidal sugere que a Campanha da Jônia e a resistência dos jônios e demais povos das ilhas e de Atenas concentrou a atenção de Dario, pai de Xerxes, que teve que abandonar a Campanha Indiana.
Na mesma Índia, alguns anos antes, um príncipe nascido no Nepal, que ficou conhecido como Siddharta Gautama, também se enamorou de uma árvore. Permaneceu 49 dias sob uma figueira hoje classificada como Ficus Religiosa em meditação até despertar.
“A primeira semana, Buda passou embaixo da árvore; na segunda semana, permaneceu de pé, contemplando fixamente a figueira em profunda gratidão”.
Sidarta é um romance escrito por Hermann Hesse, um dos maiores escritores alemães. A sua primeira publicação foi em 1922. O livro conta passagens da vida e pensamentos durante a estada do escritor na Índia em 1910, inspirado na tradição contada sobre Siddhartha Gautama, o Buda. Hesse foi vencedor do Prêmio Goethe e do Prêmio Nobel de Literatura no mesmo ano de 1946.
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José Alencar Galvão de França