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quarta-feira 25 dezembro 2024
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GPS – Pássaros feridos

Algumas regiões do planeta sofrem anualmente com queimadas em suas florestas.
No Hemisfério Sul, a Austrália, por exemplo, passa por uma temporada de incêndios a cada verão. Segundo a CNN, as queimadas que ocorreram durante o verão de 2019-2020 começaram durante uma grande onda de calor e em um período onde a Austrália passava por uma de suas piores secas. Especialistas consultados disseram que a mudança climática tornou mais drástico o impacto dos desastres naturais: as condições climáticas estão ficando mais extremas e, durante anos, os incêndios têm começado no início de cada verão e se espalham com mais intensidade.
A extensão dos incêndios na Austrália atingiu no período 2019-2020 mais área em relação a todos os incêndios registrados nos últimos séculos. Tendo persistido por um ano, as queimadas provocaram a extinção de centenas de milhões de animais.

Na primavera de 2020, enquanto a Austrália encerrava o combate às últimas chamas que ainda ardiam em suas florestas, no Brasil, a região do Pantanal, fronteira com o Paraguai, vivenciou uma das maiores catástrofes ambientais já registradas no território nacional.

Há muitas diferenças entre a Austrália e o Pantanal. A principal diz respeito à aridez de grande parte do território australiano, enquanto o Pantanal é um sistema de rios e lagos.

Entretanto, as alterações climáticas têm acentuado os impactos dos incêndios florestais, tanto na Austrália quanto no Brasil. Adicionalmente, a região do Pantanal sofre também com o avanço das plantações de soja o que ameaça ainda mais o bioma. A Austrália, por sua vez, sofre com a exploração de madeireiras e plantação de eucaliptos.

Dados de satélite demonstram que os incêndios de 2020 no Pantanal foram os mais devastadores já registrados. Segundo o Instituto SOS Pantanal, os incêndios de 2020 resultaram em mais de 26% de seu território consumidos pelo fogo, atingindo principalmente o Pantanal Norte (Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres), e a Serra do Amolar no Pantanal Sul.

Uma outra grande diferença entre as florestas australianas e o Pantanal diz respeito aos períodos nos quais os incêndios se estendem. Em decorrência das estações das chuvas, o Pantanal possui mais capacidade para reduzir ou cessar as queimadas. Já, na Austrália, as chamas quase nunca cessam: o ciclo reinicia em cada primavera, sem que as queimadas do período anterior tenham sido totalmente debeladas.

O Pantanal é uma área única no planeta : seu território transpõe as fronteiras do Paraguai e seu bioma se aproximava da Floresta Matogrossense.

Provavelmente, a região pantaneira ressente a substituição das florestas por plantações.

As florestas australianas são conjuntos muito diversificados entre si em decorrência das diferentes latitudes da ilha de proporções continentais. São florestas únicas pela sua diversidade, não somente entre si, como também em relação às demais florestas do planeta. As florestas tropicais Gondwana, por exemplo, incluem oito áreas separadas e possuem extensão de aproximadamente 3.500 km².

O Pantanal está situado totalmente em região tropical. A Austrália possui uma região tropical na porção Norte e uma região temperada ao sul.

A diversidade e significativa presença de pássaros coincide nas duas regiões. O Pantanal possui milhares de espécies que fazem parte de sua paisagem como garças e tucanos. As florestas australianas possuem mais de 500.000 espécies de pássaros, entre as principais preocupações dos ambientalistas.

O livro Pássaros Feridos é um romance escrito pela autora australiana Colleen McCullough publicado em 1977.

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José Alencar Galvão de França