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domingo 1 dezembro 2024
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GPS – O Voto de Minerva

A única trilogia que chegou intacta até nossos dias do Teatro Grego Clássico corresponde à “Oresteia”, tragédia que compreende as peças “Agamêmnon”, “As Coéforas” e “Eumênides”.
Escrita por Ésquilo, a tragédia tem início na Guerra de Troia, quando Agamênnon, rei de Micenas, irmão de Menelau, rei de Esparta, em busca de ventos, sacrifica a própria filha Ifigênia à deusa Artemis ou Diana em busca da vitória.

Na viagem de volta, Cassandra, filha de Príamo, rei de Troia, escravizada, recebe o dom da premonição de Apolo e prevê a tragédia que abaterá sobre os Atridas, descendentes de Atreu.
Agammêmnon, volta vitorioso pela destruição de Troia, mas sem a filha Ifigênia; sua esposa Clitemnestra, apoiada por Egisto e tomada por revolta em decorrência da morte de sua filha, mata o próprio marido. Clitemnestra não admitiu Agamênnon sacrificar sua filha Ifigênia.

Orestes, irmão de Ifigênia, incentivado por Electra, sua irmã mais nova, mata sua mãe e Egisto, com o objetivo de vingar a morte de seu pai. Por ter cometido matricídio, passou a ser castigado pelas Fúrias até enlouquecer.

O crime de Orestes chegou até o Aerópago, pequena elevação em Atenas, presidindo o julgamento: Palas Atenas, conhecida por Minerva pelos romanos.

No impasse do julgamento, Palas Atenas propõe absolver Orestes de forma a interromper o ciclo trágico com seu célebre voto: “Eis aqui o meu voto de Minerva”.
Assim como na mitologia romana, Palas Atenas era a deusa da sabedoria, filha de Júpiter para os romanos ou Zeus para os gregos: o voto de Palas Atenas ou Minerva corresponde à uma decisão sábia, a escolha certa em algum conflito.

Desde então, o voto de Minerva vem iluminar os séculos, orientar as decisões, eliminar a parcialidade e afastar o espírito de ódio e de vingança.
Inadmissível que a Política não ouça seus cidadãos sem imparcialidade e não propague a paz e a justiça.

A lembrança do sábio voto de Minerva é uma esperança em um mundo onde ditaduras se avizinham e os magistrados se confundem.

“Oresteia” oferece informações interessantes sobre a Guerra de Troia: após 24 horas a partir do final da tomada da cidade da Jônia, os habitantes das Cidades-Estados tanto da Ática, quanto do Peloponeso já sabiam do resultado, que chegou através de sinais de fumaça.
Informações que chegaram até nossos dias sobre Troia somente seriam completadas em latim por Virgílio na Eneida e por Quintus de Esmirna, em grego.

“Oresteia” foi apresentada pela primeira vez muito provavelmente no concurso do Teatro Dionisio em Atenas, no século de Péricles.

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José Alencar Galvão de França, graduado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Master in Business Administration pela Ohio University e Master in Business Economics pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.